Meta é captar investimento estrangeiro, mas também substituir importações com produção nacional 

A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) trabalhou, nos últimos três meses, um plano de ataque para captar investimento estrangeiro assente em 16 sectores identificados como determinantes para reactivar a economia portuguesa. O resultado servirá de mapa para a agenda de crescimento, cuja estratégia o Governo irá aprovar esta terça-feira em Conselho de Ministros extraordinário.

Nas palavras de Pedro Reis, trata-se das “bases concretas de uma política estruturada de captação de investimento estrangeiro. Este é o fecho natural do trabalho que temos vindo a fazer de fundo”, acrescentou. À margem da visita do Presidente da República, Cavaco Silva, ao Peru, o presidente do AICEP explicou ao Negócios que esta iniciativa visa colmatar “uma lacuna identificada depois de termos viajado pelo mundo inteiro a apresentar Portugal e sentido que faltava concretizar quais os activos e sectores em que os investidores podiam entrar em Portugal”.

Esses sectores são: moldes, metalomecânica, pasta e papel, agro-alimentar, TIC (tecnologias de informação e comunicação), serviços partilhados (como centros de competência), automóvel, têxtil, minas, farmacêutico, bio-indústria, turismo, mar, floresta, saúde, aeronáutica. Estas são as apostas da AICEP para colocar a economia portuguesa a crescer. Mas como? Pedro Reis explica que foram feitos 16 dossiês de investimento que “trazem uma caracterização de cada um desses sectores em Portugal, quais são os activos em cada um desses sectores que podem interessar a investidores estrangeiros e quais os custos de contexto nestes sectores, de forma a procurar torná-los mais atraentes”. Esses documentos são agora entregues ao Governo para desenvolver a “estratégia de crescimento e fomento empresarial” que, conforme o primeiro-ministro anunciou na sexta-feira no Parlamento, será aprovada esta terça-feira no Conselho de Ministros extraordinário. “Será um documento de estratégia, mas que é documento aberto e não fechado”, explicou Passos Coelho.

Segundo o “Expresso”, esse documento foi elaborado pelo ministro da Economia, Álvaro Santos
Sentimos que faltava concretizar quais os activos e sectores em que os investidores podiam entrar em Portugal.
Pedro Reis, Presidente da AICEP Pereira, numa iniciativa paralela à da AICEP. A “Estratégia de Fomento Industrial” para o período 2013-2020 organiza-se em sete eixos, que passam pela qualificação e formação, financiamento, utilização do QREN para dinamizar tecido empresarial e medidas fiscais ao nível do IRC. Numa 2ª fase, de acordo com o “Expresso”, Santos Pereira apresentará medidas para o comércio, turismo, energia e minas.

Já o trabalho da AICEP foi feito com base em três critérios, segundo explicou Pedro Reis ao Negócios: “fechar as fileiras e as cadeias de valor em Portugal onde ainda há lacunas de produção industrial, para podermos preencher com ‘players’ internacionais que se instalem no nosso mercado, definir nas nossas importações o que pode ser substituído por produção nacional e identificar aqueles produtos e sectores onde temos competência interna para substituir essas importações. E, finalmente, trabalhar alguns sectores específicos da economia portuguesa onde entendemos que Portugal tem vantagens competitivas, como os serviços partilhados, turismo ou energia e minas”.

Depois de entregues esses dossiês ao Governo, a AICEP irá, na frente interna, desenvolver com o Governo estes sectores estratégicos; e, no exterior, identificar as empresas internacionais que possam estar interessadas em investir nesses sectores. Acrescenta Pedro Reis: “iremos abrir a iniciativa ao sector privado, como bancos de investimentos, grandes consultoras, grandes escritórios de advogados nacionais e internacionais”.

Fonte: Negócios

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