Ano novo, vida nova e, por isso mesmo, esta é a altura ideal para fazer um check–up às suas finanças pessoais. Cortar gastos supérfluos e rentabilizar o seu rendimento mensal são duas regras de ouro que deve seguir para evitar desagradáveis surpresas. Depois de fazer esse trabalho e verificar que sobra algum dinheiro no final do mês então opte por investi-lo. Mas antes de tomar essa decisão veja qual é o seu perfil para seleccionar o produto que mais se adapta às suas necessidades
Identificar receitas e despesas
Uma das principais regras de ouro passa por identificar no seu orçamento mensal para onde está a ir o seu ordenado. Para ajudar nessa tarefa, o melhor é começar por fazer um mapa de receitas e de despesas, onde deverá apontar diariamente todos os encargos que tem. Ou seja, só fazendo uma lista completa dos gastos é que poderá saber onde é que está a gastar o seu dinheiro – não se esqueça de incluir as despesas fixas e as variáveis, sendo que estas últimas são as mais importantes para fazer ajustes. Ao mesmo tempo, fica a saber qual é o peso das diferentes despesas que tem no seu orçamento familiar. Não se esqueça que, o gasto total que tem (mesmo com o empréstimo da casa, os juros, a água, a luz, o gás) não deve pesar mais de 35% do seu orçamento mensal.
Avaliar capacidade de endividamento
Qual é o seu estado financeiro? Este é um dos principais indicadores para avaliar a sua actual situação. As classificações são simples: saudável, equilibrado, endividado e sobreendividado. Para ser saudável precisa de poupar mais de 20% do rendimento mensal. Já um consumidor equilibrado põe de parte até 20% do seu rendimento. Um endividado já não consegue poupar nada e um sobreendividado gasta mais do que ganha e já não consegue pagar as dívidas que contraiu. Evite cair neste último estado. O ideal é que consiga poupar todos os meses algum dinheiro, por exemplo, 10% e, de preferência, que ponha de parte essa verba logo no início do mês, pois geralmente no final raramente sobra. Já se os créditos contraídos ultrapassarem os 40% e se prevê que esse valor vá aumentar durante o ano, então é a altura de reverter a situação e tentar reduzir o seu nível de endividamento.
Eliminar gastos supérfluos
Depois de fazer o mapa de receitas e de despesas então é a altura ideal para procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados. Por exemplo, tomar um pequeno-almoço fora todos os dias que custe 4 euros, ao fim do mês representa uma despesa de 124 euros. Um gasto que irá aumentar se também almoçar diariamente fora. Se isso acontecer e gastar em média por dia 7 euros, ao final do mês gasta um total de 217 euros. As duas despesas juntas representam menos 341 euros no seu orçamento mensal. Um número que ganhará maior relevo no final do ano já que totaliza mais de 4 mil euros, verba que poderia ser canalizada, por exemplo, para a poupança. Aliás, uma das formas mais fáceis de poupar e também a mais esquecida é recorrer ao velho truque do mealheiro.
Reduzir dívidas
Faça um levantamento de todas as dívidas que tem – quanto falta pagar, prestação, prazo e juros – e defina as que pode eliminar. O ideal é começar pelos créditos que apresentam os juros mais elevados. Para isso, precisa de ter inevitavelmente algum rendimento extra. Pode usar, por exemplo, um dos subsídios para fazer isso, no caso de não optar pelo pagamento em duodécimos. Caso contrário, esta tarefa torna-se mais difícil. Outra hipótese passa por amortizar o crédito à habitação que geralmente é o que pesa mais no seu orçamento familiar. Não se esqueça que o banco não pode cobrar uma penalização superior a 0,5%, se a taxa de juro for variável, ou 2%, se fixa. No entanto, precisa de avisar o banco sete ou 10 dias úteis antes, consoante amortize uma parte ou a dívida total.
Criar fundo de emergência/poupar para a reforma
Há sempre imprevistos que podem surgir – desemprego, doença, etc. – que podem representar um descontrolo total no orçamento ao fim do mês. Ou seja, se deixasse agora de trabalhar, por exemplo, quanto tempo conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? Se não tiver essa margem de manobra em termos financeiros, o ideal é criar um fundo de emergência para conseguir responder a uma situação destas. Por outro lado, deve começar a pensar na reforma. Não se esqueça que, para conseguir manter o mesmo nível de vida na idade da reforma terá de ter um complemento extra. Caso contrário, poderá ser confrontado com uma descida de nível de vida.
Saiba como poupar ainda mais
• Casa: há sempre truques para conseguir poupar nas contas da água, luz e gás. Utilize lâmpadas florescentes e economizadoras, não deixe os aparelhos em standby. Opte também por mudar de hábitos (duches rápidos, por exemplo) e instale dispositivos eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar até 300 mil litros de água por ano
• Alimentação: leve sempre uma lista de compras quando vai ao supermercado, evite ir quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo
• Banca e seguros: negociar o spread no crédito à habitação é um dos truques para conseguir poupar alguns trocos ao fim do mês. Se tiver muitos créditos, recorrer à consolidação poderá ser uma solução. Cuidado com os seguros, contrate apenas as coberturas que precisa. Outra hipótese passa por recorrer aos mediadores, geralmente oferecem descontos de 20 a 25% num pacote
• Telecomunicações: comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. Pode recorrer ao simulador disponível no site da Anacom para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VoiP. Em termos de televisão por subscrição analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Além disso, subscreva apenas os canais que vai ver.
• Transportes: opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao fim do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Já os que não passam sem carro podem optar por partilhá-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere a utilização do ar condicionado e adopte uma condução que permita reduzir o consumo
Invista da melhor forma: veja o perfil
Se passou por todos estes passos e chegou à conclusão que tem algum dinheiro extra para investir então aposte nos produtos que melhor se adequam ao seu perfil e às suas necessidades. Há ofertas para todos os gostos e riscos, por isso o melhor é começar por identificar qual o seu perfil de risco:
Conservador
O investidor tem como grande objectivo preservar o valor investido. Por isso mesmo, prefere investimentos de baixo risco e, como tal, tem também uma expectativa de rentabilidade mais limitada. Neste caso, deve investir, por exemplo, em depósitos a prazo, certificados de aforro, seguros de capitalização
Moderado
O investidor já está disposto a assumir um risco considerável nos investimentos, de forma a potenciar um crescimento sustentado do capital aplicado a médio e a longo prazo. Invista, por exemplo, em fundos imobiliários já que apresentam um risco moderado, pois o capital não está garantido, mas regra geral rendem mais do que os depósitos a prazo
Dinâmico
O investidor tem como principal objectivo potenciar um crescimento importante a médio e a longo prazo da sua carteira de investimento. Neste caso, assume um risco elevado nas soluções que subscreve e adquire. Se está nesta situação então apostar na bolsa é uma das soluções.
Fonte: Jornal i