Pouco mais de mil empresas são responsáveis por cinco mil milhões de euros de crédito em incumprimento.

Apenas 0,5% das empresas portuguesas com crédito contraído são responsáveis por metade do crédito em incumprimento, ou seja, cinco mil milhões de euros.

O montante total de crédito malparado entre as empresas atingiu, em Dezembro, os 10,7 mil milhões de euros, um aumento de três mil milhões face ao período homólogo, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal. Uma evolução que levou os bancos portugueses a reforçarem provisões em 2012, com o necessário impacto negativo nos resultados do sector. O elevado montante de crédito em incumprimento tem ainda levado os bancos a aumentarem as restrições à concessão de novo crédito, principalmente às pequenas e médias empresas (PME). No entanto estas foram responsáveis por apenas 11% do aumento do malparado no último ano.

Após um primeiro impacto nas empresas de menor dimensão, a recessão económica parece ter chegado em força às maiores empresas portuguesas com crédito concedido. Pela primeira vez, desde que existem registos (Dezembro de 2002), a percentagem de devedores com crédito vencido é maior nos escalões mais altos de crédito. Ou seja, enquanto nos créditos inferiores a 20.000 euros, 29% das empresas não conseguem cumprir o serviço de dívida, nos empréstimos superiores a cinco milhões de euros, 32,8% das empresas encontram-se em incumprimento.

Trata-se do dobro face ao final de 2010, enquanto nas microempresas o aumento foi de cinco pontos percentuais.

Em média, cada uma das 1.043 empresas com créditos superiores a cinco milhões de euros em incumprimento, tem 4,9 milhões de euros de crédito vencido há mais de três meses. Ou seja, um total de cinco mil milhões de euros, ou metade do malparado. Somando a este universo, as empresas com crédito entre um milhão e cinco milhões de euros, então 1,9% das empresas são responsáveis por 75% do crédito vencido, ou seja, oito mil milhões de euros.

Apesar disso, no último ano, os bancos portugueses aumentaram o total de novos empréstimos a estas empresas para o valor mais alto de 2008.

Financiamento a grandes empresas em máximos

Os bancos portugueses fecharam 2012 com mais crédito concedido a empresas do que nos dois anos anteriores. Só em Dezembro, a banca concedeu quase 4,1 milhões de euros às empresas portuguesas, naquele que foi o quarto mês consecutivo em que a banca aumentou o financiamento ao tecido empresarial nacional. Um montante que permitiu encerrar o ano com um total de 45,6 mil milhões de euros em novos empréstimos a empresas, o que compara com 45 e 45,5 mil milhões emprestados em 2011 e 2010, respectivamente.

Uma inversão de tendência que surge na recta final do ano, com os bancos a beneficiarem da reabertura progressiva dos mercados internacionais à banca portuguesa, melhorando assim as suas condições de liquidez. Também a correcção do rácio de transformação de depósitos/crédito começa a dar alguma folga ao sector, com duas das maiores instituições – Caixa Geral de Depósitos e BPI – já abaixo dos 120% exigidos pela ‘troika’ no final de 2014.

No entanto a maior disponibilidade de financiamento foi totalmente absorvida pelas maiores empresas – créditos superiores a um milhão de euros. Os bancos concederam 26 mil milhões de euros às grandes empresas, o valor mais alto desde 2008, e 19,6 mil milhões às PME, o valor mais baixo desde que existem registos, ou seja, Janeiro de 2003.

Fonte: Económico

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