O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Árabe Portuguesa (CCIAP), Karim Boudellah, confessa que tem pena que não existam mais projetos conjuntos entre Portugal e os países árabes. Diz ele que, todos os dias surgem tantas oportunidades que chega a ser desanimador não serem aproveitadas.
“ Temos pedidos de empresas árabes que querem comprar participações ou a totalidade de empresas portuguesas. Por exemplo, a Argélia tem interesse em empresas de calçado e cortumes e há interesse dos Emirados em comprar hotéis em Portugal que agora custam 60% ou 70% do valor real”, revelou Boudellah, assegurando que o objetivo não é serem invasivos.

“O que os países árabes querem é aproveitar o know how e a experiência dessas empresas portuguesas através de colaborações de longo prazo. Não nos interessam investidores que apenas queiram vender bens, o que nós queremos é produzir bens em conjunto”, explica. Por isso é que escolhem investir em sectores onde os portugueses são recinhecidos e onde podem dar uma resposta rápida, como o calçado,  têxteis, mobiliário, construção,  energia e renováveis, turismo ou da indústria de moldes para carros.

Além disso, conta Boudellah, há também muitas possibilidades para os portugueses que queiram ir para os países árabes, não só destes sectores, mas também de farmacêuticas, minas ou telecomunicações. “Não imagina as regalias que dão no Sudão. Dão financiamento a 100%, a cinco, dez e 15 anos comsoante a zona onde se investe. E depois permitem que se comece a pagar o empréstimo ao fim de dois ou três anos e os juros são 1,5% do valor financiado. Cá são 14% ou 15%”, conta.

Mais, “os portugueses podem criar empresas nos países árabes e, apesar de ficarem sempre com a minoria do capital, podem trazer os lucros para Portugal”, ressalva, adiantando ainda que “uma companhias em dificuldades cá pode ir para um dos países árabes fazer dinheiro e depois trazê-lo para cá para ressuscitar a empresa”.

A tudo isto juntam-se ainda as oportunidades decorrentes do Mundial de Futebol de 2020 no Qatar ou o plano de desenvolvimento de cerca de 550 mil milhões de euros na Arábia Saudita. E também as exportações, que neste momento já somam mil milhões de euros, mas têm potencial para crescer mais.

“Até se pode fazer topless nos Emirados” 
O secretário-geral da CCIAP fala de forma apaixonada das possibilidades que existem nos países árabes, mas nota que  há ainda alguma falta de proactividade por parte dos portugueses.

“Às vezes sinto-me um pouco frustrado por não ver os negócios a acontecer porque há de facto muitas oportunidades e interesse dos árabes no que os portugueses têm para oferecer”, repara.  Contudo, reconhece que há também algum desconhecimento e até preconceitos. “O mercado árabe é normal e não é diferente dos europeus e os preconceitos que existem não deviam existir. Pode fazer-se topless nos Emirados”, conta.

É por isso que, nos próximos dias 20 e 21 de junho vão organizar o primeiro Fórum Económico Portugal-Países Árabes com o intuito de divulgar oportunidades de negócio e emprego e ainda reforçar as relações entre os dois mercados. “Há sectores em Portugal em graves dificuldades e queremos aligeirar um bocadinho o que está a passar aqui”, disse Boudellah.

Haverá reuniões entre empresários portugueses e árabes e a Câmara de Comércio quer ainda estimular o turismo. “O número de turistas árabes cá contam-se quase pelos dedos de uma mão e enquanto os ingleses olham para o preço, um árabe não fica satisfeito se não gastar 10 a 15 mil euros”, refere. Além disso,  diz, “depois de passar cá férias é mais fácil fixar cá o investimento”.

Nesse sentido, Karim Boudellah, diz estar em conversações com os operadores dos países árabes, e lança o repto à TAP para reforçar os voos daquela zona do mundo.

Fonte: Dinheiro Vivo

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