“Os cursos de engenharia, como muitos da área das ciências e tecnologia, abrem um leque de oportunidades de emprego bastante maior”, diz Fernando Santana, director da FCT.

São a única escola portuguesa a conseguir três bolsas milionários europeias de investigação (ERC) no valor de cinco milhões de euros este ano. Com uma empregabilidade de quase 100%, a FCT aposta num perfil de alunos preparados para fazer um CV, apresentar projectos em público e testar e executar ideias de negócios, revela o director da faculdade, Fernando Santana, em entrevista ao Capital Humano.

A sua escola foi o berço de muitas novas tecnologias. O que é que diferencia a FCT?

Temos uma política fundamental na escola que é progredirmos para uma escola de investigação: instituições que, tal como se verifica nas grandes universidades do mundo, são caracterizadas por uma exigência muito grande. Para cumprirmos o contrato que temos com a sociedade de formar grandes profissionais, temos que apostar num ensino que decorra da investigação e não seja livresco. Numa escola, com uma actividade de investigação muito intensa é natural que dela resultem novos produtos e novas invenções. Recentemente a faculdade teve indicadores muito favoráveis tendo sido a única portuguesa a conseguir três bolsas milionárias do European Research Council (ERC), o que corresponde a um financiamento de cinco milhões de euros para projectos de três docentes. Na avaliação feita pela Fundação para a Ciência e Tecnologia foi a única escola a ter três unidades que chegaram ao topo da classificação ‘Excepcional’.

Apesar do défice previsto de 200 mil profissionais há uma dificuldade em recrutar para cursos de engenharia e tecnologias…

Procuramos atrair alunos para essas áreas. Todos os anos realizamos a Expo FCT que recebe em média seis mil estudantes pré-universitários, que visitam os cursos percebendo o que potencialmente podem fazer se escolherem estas áreas. Este ano, temos no nosso site uma calculadora de cursos, que permite ao candidato inscrever os exames nacionais que fez e a média que obteve, e calcular quais os cursos em que terá mais probabilidade de entrar.

Mas a FCT tem uma procura elevada?

Temos cerca de cinco candidatos por vaga, em média. Sou engenheiro de formação e acho que os cursos das engenharia, como muitos outros na área das ciências, abrem um leque de oportunidades de emprego bastante maior .

Que tipo de competências são leccionadas?

No 1º ano, temos uma unidade curricular de competências transversais para a ciência e tecnologia onde aprendem a fazer o CV, uma apresentação pública, a interpretar artigos, ferramentas de matemática, e noções de ética e metodologia, trabalho em equipa e gestão do tempo. No 2º ano desenvolvemos uma disciplina de ciência, tecnologia e sociedade, que corresponde a um conjunto de conferências obrigatórias sobre temas pertinentes da sociedade para promover a ‘open mind’. No 3º ano as cinco semanas prevêem o contacto com a investigação ou uma introdução à prática profissional. Durante cinco semanas vão para uma empresa, o que levou este ano 800 estudantes. Esta experiência tem um efeito positivo por ser um primeiro contacto com o mundo de trabalho.

E que pode ser a porta de entrada no mercado de trabalho?

Muitos destes estudantes acabam por ficar nas empresas. No 4º ano, dedicamos as cinco semanas ao empreendedorismo. Criamos grupos de três estudantes de três cursos diferentes que têm de desenvolver uma ideia, fazer um plano de negócio, que é depois discutido com um júri constituído por empresários que este ano foi presidido pelo ‘chair’ do Shark Tank. Todos anos entram na FCT cerca de 1.100 novos alunos. O nosso objectivo não é fazer mil empreendedores, mas garantir que estes alunos, quando chegam às empresas, possam ter uma ideia, saibam fazer as contas sobre a sua viabilidade e como concretizá-la. Os nossos empregadores, que têm assento no conselho da faculdade como personalidades externas, dizem-nos que sentem a diferença dos diplomados da FCT. Há uma célebre frase que ilustra esta diferença dos diplomados FCT: “As ‘hard skils’ garantem a entrevista, mas são as ‘soft skils’ que garantem o emprego”.

Fonte: Económico

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