Países mais beneficiados pelo programa de compra de dívida, como Portugal e Grécia, podem ter de assumir risco maior.

O Banco Central Europeu (BCE) pondera atirar a maior parte do risco do programa de compra alargada de dívida soberana para os países da periferia da zona euro. A informação foi avançada à Reuters por fontes da instituição liderada por Mario Draghi.

A ideia passa por exigir aos bancos centrais dos países mais beneficiados pelo programa, como Portugal e Grécia, por exemplo, que ponham de parte dinheiro extra, ou aumentem consideravelmente o valor das suas provisões, para cobrirem eventuais perdas do ‘quantitative easing’.

Esta poderá ser a forma encontrada pelo BCE para conseguir o apoio de países como a Alemanha ao programa, numa altura em que a estratégia dos países que estão contra o ‘quantitative easing’ passa por mudar-lhe a forma, em vez de tentar bloqueá-lo por completo. O governador do Bundesbank, Jens Weidmann, por exemplo, sugeriu esta semana que o BCE só pudesse comprar dívida com ‘rating’ de qualidade superior, ou então que os bancos centrais nacionais comprassem a dívida dos seus próprios países, assumindo o risco.

“Mesmo que se diga que não é demasiado cedo para o quantitative easing, ainda há coisas que se podem dizer sobre como ele pode ser montado”, disse à Reuters uma fonte ligada a um banco central da zona euro.”Se o banco central só puder comprar obrigações do seu próprio país, então os riscos iriam para esse banco central”, acrescentou, frisando que “seria bom que os bancos centrais adoptassem provisões adequadas” para um cenário do género, já que, em caso de eventuais perdas, elas seriam assumidas “pelos Estados-membro”.

Apesar de a ideia poder ajudar Mario Draghi a ganhar o apoio de líderes como Angela Merkel ao aguardado programa de compra de dívida soberana – que deverá ser lançado no início de 2015 -, a verdade é que tais limitações poderão ser um forte constangimento ao seu impacto nas economias que mais necessitam dele.

No caso da Grécia, por exemplo, fazer um seguro contra um eventual ‘default’ do país custa agora cerca de 1,1 mil milhões de euros por cada 10 mil milhões de euros de Obrigações do Tesouro. Por isso, se o Banco Central da Grécia tivesse de fazer provisões para cobrir os riscos dessas obrigações, deixaria de poder pagar o habitual dividendo anual a Atenas e poderia, inclusive, precisar de uma injecção de capital do Estado helénico.

 

Fonte: Económico

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