O objectivo é concentrar no País a prestação de serviços a terceiros e assim aumentar as exportações.

A Biotecnol criou uma nova empresa em Portugal, a Rodon Biologics, para prestar serviços a terceiros, que está agora em processo de recrutamento de mão-de-obra qualificada. Este é mais um passo na reestruturação da empresa biotecnológica que começou, em 2011, com a passagem para os Estados Unidos da área de desenvolvimento de produtos terapêuticos.

Uma decisão sustentada nas necessidades de financiamento já que, “só nos Estados Unidos”, é possível à Biotecnol levantar os cerca de 20 milhões de euros em investimento de que necessita. “Abrimos um ‘round’ de financiamento, que está a decorrer nos Estados Unidos, junto de capitais de risco e ‘corporate ventures'”, explicou o presidente executivo da Biotecnol ao Diário Económico.

Pedro Pissarra adiantou que já conseguiram capitais junto do JP Morgan. “O objectivo é conseguir 15 a 20 milhões de euros. O sindicato está a ser montado, o que ainda vai levar algum tempo”, reforçou, precisando que gostaria de ver investidores portugueses envolvidos. Este investimento será exclusivamente dedicado ao mercado norte-americano para onde a Biotecnol deslocalizou toda a área de investigação, em 2011. Este foi o primeiro passo da reestruturação da empresa nacional de biotecnologia, uma opção forçada pela crise. “Obrigou-nos a reestruturar”, reconheceu Pedro Pissarra.

O criador da Biotecnol explicou que a sua estratégia passou por concentrar a propriedade intelectual nos EUA – na Biotecnol Inc., – onde existem fundos disponíveis, embora a primeira fase tenha sido financiada por capitais próprios dos accionistas da empresa – e focar a actividade de prestação de serviços em Portugal. Para isso criou a Rodon Biologics.

Esta nova empresa vai funcionar como uma subsidiária independente que prestará serviços a terceiros, visando assim aumentar as exportações nacionais. Pedro Pissarra pretende com esta alteração atingir um volume de facturação de dez milhões de euros nos próximos anos. “Este ano espero facturar entre 1,5 e dois milhões de euros e, no próximo ano, ter já uma facturação de 2,5 milhões”, explica, garantindo que a expectativa de “crescer 30% ao ano é realista”. “Até estou a ser cauteloso”, acrescenta.

Competir com novos mercados
Apostando na “tradição e reconhecimento”, a Rodon Biologics, detida a 100% pela Biotecnol SA, veio “reestruturar a área de prestação de serviços e adaptá-la à realidade actual”, explicou o presidente executivo. “A Biotecnol cresceu, porque olha para Portugal como um centro de serviços. Não temos clientes portugueses e não dependemos do mercado interno”, defende.

Pedro Pissara avança que já estão “a fazer parcerias nacionais e estrangeiras para especializar a oferta de serviços”, mas sem dar para já muitos detalhes. Estas parcerias, tal como as novas contratações que já estão em curso, visam garantir a prestação de serviços de controlo de qualidade, analíticos, mas, sobretudo, de desenvolvimento de produtos biológicos através de “engenharia de anti-corpos, com potenciais aplicações em anticorpos multi-específicos ou na produção da nova geração de ADC’s (‘Anti-body Drug Conjugates’) e anticorpos bi-específicos, que irão marcar a nova geração de biofármacos a comercializar nas próximas décadas”.

Pedro Pissarra espera assim que o País possa competir com os novos mercados do sector da biotecnologia farmacêutica – China, Índia e Singapura – que à semelhança do que aconteceu com a indústria têxtil fizeram cair a pique os preços do desenvolvimento destes produtos.

Fonte: Económico

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