Sede em Londres permite à empresa obter dinheiro mais barato no mercado internacional.

A Claranet, empresa de soluções informáticas, deixou de realizar operações de crédito em Portugal. “O facto de estar num grupo com presença em vários países permite-lhe concentrar as suas operações de crédito em Inglaterra, que não passa pelas dificuldades do mercado português”, diz o director-geral da empresa, António Miguel Ferreira. Assim, foi com o processo de internacionalização que a Claranet conseguiu ultrapassar os seus problemas de acesso ao crédito, além de ter expandido a sua base de negócios.

“Infelizmente, essa opção não existe para a maioria das empresas em Portugal”, reconhece aquele responsável, adiantando que junto dos seus clientes, vê uma “cada vez maior dificuldade em realizar investimentos, pela falta de acesso ao crédito destes”. Como a Claranet “presta um serviço, substitui-se cada vez mais aos clientes, realizando o investimento destes em seu nome”, refere António Miguel Ferreira. “E, nesse sentido, permitindo ultrapassar algumas limitações da actual situação do mercado de crédito”, acrescenta.

O director-geral da Claranet realça ainda que o crédito “reduziu-se fortemente em 2011 e 2012 e, quando possível, é caro”. Mas a crise não passa ao lado da empresa. O número de oportunidades de negócio reduziu-se nos últimos dois anos, notando-se por parte dos clientes “maior necessidade de tempo para a tomada de decisão, no que respeita às negociações de soluções e contratos”, explica António Miguel Ferreira. Por outro lado, nos clientes activos, para os quais a Claranet presta já um serviço, a empresa verifica um aumento dos prazos de pagamento e, em alguns casos pontuais, uma “grande dificuldade ou mesmo impossibilidade em cumprir as suas obrigações. Isso obriga-nos a uma gestão de tesouraria muito mais exigente que há três ou quatro anos”. Apesar de tudo, a empresa não prevê reduzir colaboradores em 2013.

Portugueses em todo o mundo

Se a Claranet é a prova das vantagens da internacionalização das empresas portuguesas, tem também verificado que os portugueses estão em todo o Mundo. Há cerca de quatro anos, a empresa foi convidada para um concurso internacional, por uma empresa canadiana de desenvolvimento e gestão de aplicações, para um cliente seu. Tratava-se de uma multinacional da área imobiliária, com operações presentes em quase todos os países europeus. Nesse concurso, como é típico dos concursos internacionais, “encontrámos prestadores de serviços de ‘hosting’ de grande dimensão, entre os quais estava a Rackspace, um gigante do sector”, relembra António Miguel Ferreira. “As nossas probabilidades de sucesso eram, à partida, baixas”, diz. No entanto, à medida que “fomos trabalhando com o nosso cliente o desenho das soluções, com vista à apresentação de uma proposta final, viemos a saber que o CEO dessa empresa canadiana… era português”, frisa o director-geral a Claranet.

A Claranet Portugal tinha sido convidada para o concurso, porque um português do outro lado do Atlântico “se lembrou de nós. Passámos quase nove meses de negociações e das várias iterações do processo do concurso, ganhámos, quer na vertente técnica, quer na vertente financeira da proposta e o contrato foi-nos adjudicado”, segundo António Miguel Ferreira. E esse cliente ainda hoje se mantém na Claranet. “As ligações culturais têm uma influência maior do que por vezes pensamos, no que respeita a negócios. Sem essa ligação cultural, nunca teríamos sido convidados para o concurso”, garante o mesmo responsável.

A Claranet é uma verdadeira multinacional, um ‘managed services provider’ europeu, com sede em Londres e presença em Portugal, Espanha, França, Holanda e Alemanha.quatro perguntas a…

António Miguel Ferreira – Director-geral da Claranet

“Portugal vale menos de 10% da facturação total “António Miguel Ferreira garante que está a analisar a possibilidade de adquirir outras empresas nos vários países em que opera, o que inclui Portugal.

Como nasceu este projecto?

A Claranet é um ‘managed services provider’ europeu, com sede no Reino Unido e presença em Portugal, Espanha, França, Holanda e Alemanha. Em Portugal está presente através da aquisição da Esoterica, que foi o primeiro ‘Internet Service Provider’ no mercado nacional, fundado em 1995. A Esoterica representou um marco no mercado nacional, tendo contribuído para a ligação à Internet de dezenas de milhares de pessoas e empresas, na década de 90.

Está prevista a expansão para mais algum mercado?

A empresa está presente nos seis países europeus que referi, não tendo para já planos de expansão para novos mercados. O enfoque da empresa é a prestação de ‘managed services’ de ‘networks’ (redes privadas), ‘hosting’ (‘cloud’ e ‘datacenter’) e gestão de aplicações, no mercado empresarial, em países desenvolvidos na Europa.

Qual o peso dos serviços realizados no estrangeiro?

Portugal representa menos de 10% da facturação total do grupo Claranet. Em 2012 e também em 2013, estamos a analisar a possibilidade de virmos a adquirir outras empresas nos vários países em que operamos, o que inclui Portugal. Pelo que o crescimento para 2013 poderá ser elevado, dependendo da nossa capacidade em conseguir realizar essa ambição.

Qual o volume de negócios da Claranet em 2012?

Apresenta, actualmente, um volume de negócios de cerca de 150 milhões de euros (2012), o que representa um crescimento de cerca de 50% face a 2011.
Parte do crescimento é orgânico, sobretudo devido ao lançamento do novo serviço de ‘Virtual Data Center’ e outra parte foi conseguido através de três aquisições de outras empresas, em Portugal, França e Inglaterra. A Claranet já é hoje em dia um dos principais prestadores de ‘managed services’, em particular na área dos serviços de ‘hosting’ em geral (servidores dedicados, servidores geridos, gestão de sistemas operativos, sistemas de ‘storage’, ‘firewall’, ‘load balancing’, entre outros) e está totalmente focada no mercado das empresas de média dimensão.

Fonte: Económico

Comentários

comentários