O Banco Santander Totta foi uma das 21 empresas portuguesas que acordaram com a CITE aprovar acções para promover a igualdade de género nas suas organizações.

Isabel Viegas não esquece o momento em que sentiu na pele o que é ser discriminada profissionalmente. “Quando estava num processo de selecção, há uns anos, chegámos ao fim dois candidatos e o no final seleccionaram o homem. O presidente da empresa falou comigo e disse que optavam por ele por causa das questões da maternidade”. Hoje ocupa o lugar de directora de recursos humanos do Santander Totta. No resto da sua carreira diz que teve sorte. “Em todas as empresas onde estive, nomeadamente no Santander, sempre senti um enorme respeito pelo meu valor”, diz em entrevista ao programa Capital Humano do ETV. Mas talvez por causa deste episódio tem a convicção que as questões da igualdade de género no acesso aos lugares de liderança devem ser uma prioridade. O banco foi uma das 21 empresas que se comprometem a avançar com acções para promover a igualdade de género nas empresas. Um compromisso inédito em Portugal promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego. Empresas que reconhecem que ainda há muito por fazer num País em que apenas 6% dos lugares dos conselhos de administração das empresas são ocupados por mulheres. Na União Europeia pior só Malta. As medidas aprovadas são muitas.

Um programa de formação, em parceria com a Universidade Católica, para apoiar as mulheres com potencial para ter maiores responsabilidades dentro do banco, “Women Executive Program” é uma das iniciativas que o Santander já está a promover. Outras iniciativas são a realização de almoços mensais do presidente do banco, Vieira Monteiro, com executivas e a Conferência Anual Gestão no Feminino em que mulheres directivas da empresa debatem temas como negócio e liderança.

Como explicar o fenómeno do tecto de vidro que impede as mulheres de progredirem nas organizações? As causas são imensas, responde Isabel Viegas. “Porque as mulheres estão no mercado de trabalho há menos anos, porque os homens escolhem homens para os lugares ou porque algumas mulheres não querem ou não acreditam que são capazes de lá chegar”. Mas a questão essencial é a dificuldade em conciliar vida familiar e profissional. Essa é a principal razão que faz hesitar as mulheres quando têm oportunidades de progredir.

A convicção da directora de recursos humanos do Santander Totta é que há duas rotas que têm que ser implementadas ao mesmo tempo para que estas políticas de promoção da igualdade tenham sucesso. Dar oportunidades às mulheres para progredirem, mas garantindo-lhes condições para conciliarem a vida profissional e familiar. “Se não trabalharmos as duas não chegamos lá “, garante. “Avançar com uma coisa sem a outra é quase cínico”. Porque dizemos às mulheres que podem progredir na carreira, mas depois não lhes damos condições para o fazerem”, confessa. Por isso o Santander Totta avançou com algumas iniciativas. “Quando uma mãe vai para casa e é substituída por um temporário, sabe que quando regressar o seu lugar está lá”, exemplifica Isabel Viegas. Dar computadores portáteis para que os colaboradores possam trabalhar de casa, dar a tarde quando os filhos fazem anos e criar serviços de conveniência que podem fazer alguns recados e criar acções de ‘coaching’ parental são outras das acções implementadas. Que conselhos dá a directora de recursos humanos do Santander Totta para que as mulheres consigam progredir? “Sejam muito boas no que fazem. Invistam muito na sua formação. Não tenham medo de arriscar. O comboio só passa uma vez e, quando ele passa, há que o apanhar. Que tenham redes de apoio, para poderem tomar decisões sabendo que têm retaguarda”.

Fonte: Económico

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