A Autoridade da Concorrência (AdC) está a analisar uma possível concertação de comissões e “spreads” entre os bancos. A denuncia partiu alegadamente do Barclays em Portugal, onde o homem forte é Peter Mottek. Mas a luz verde para a denuncia terá vindo de Antony Jenkins, presidente do Barclays no Reino Unido e afetado, em 2012, com o escândalo de concertações de preços nos empréstimos no mercado interbancário.

Apesar das promessas e confiança de Peter Mottek, os resultados indicam que o banco está a percorrer um caminho sinuoso. O Barclays fechou 2012 com prejuízos na ordem dos 1,2 mil milhões de euros e prepara-se para cortar 3,700 postos de trabalho.

Em Portugal, está em marcha um plano de reestruturação que passará pelo encerramento de cerca de 100 agências e a redução de, pelo menos, 300 trabalhadores, segundo avançou à Lusa uma fonte do banco.

O Barclays está em Portugal desde 1981 e entre 2009 e 2011, no âmbito de um plano de expansão no país, abriu cerca de 100 agências. O banco emprega em Portugal cerca de dois mil trabalhadores.

Peter Mottek: a denúncia
Estudou na Harvard Business School e frequentou um MBA na Universidade de Miami. No seu currículo profissional estão passagens pelo Citibank Peru (1996-1998), Citibank Brazil (1998-2000), First Southern Bank (2001-2007), Barclays Bank Portugal (2007-…).

Desde março de 2012 é o co-CEO do Barclays na Península Ibérica e o homem mais importante do banco em Portugal. O seu objetivo era transformar o Barclays no quinto maior banco do mercado português.

“Anunciámos como nosso objetivo ser o quinto maior banco em Portugal e podem contar em continuar a ver o Barclays a estar muito empenhado em crescer em Portugal e a fazer parte do futuro do país. Estou muito entusiasmado com isso”, revelou Peter Mottek, em declarações à Lusa (maio, 2010). E acrescentou: “O futuro do Barclays em Portugal é muito luminoso. O compromisso do banco em Portugal é de longo prazo.”
Antony Jenkins: a luz verde
O diário britânico The Guardian descreveu-o como um corredor de maratona que é conhecido no mundo da banca como o “nice guy” (o individuo simpático).

Jenkins estudou política, filosofia e economia na Universidade de Oxford. Começou a sua carreira como um recém-licenciado no Barclays em South Kensington, em 1983. Em 1989 mudou-se para o Citigroup, onde permaneceu 16 anos, entre Londres e Nova Iorque.

Em 2006 regressou ao Barclays. Em 2009, passou a integrar o comité executivo do mesmo banco. O banqueiro foi ainda chefe executivo do Barclaycard entre 2006 e 2009.

Chegou a número um do Barclays em agosto de 2012, para substituir Bob Diamond, que foi forçado a abandonar devido ao escândalo Libor (concertação de bancos para manipulação de taxas). Antes, Jenkins esteve ligado à banca de retalho no mesmo banco. Segundo o Diário Económico, foi o banqueiro quem deu a luz verde para a denúncia às autoridades portuguesas sobre o alegado cartel de retalho, que envolveu ‘spreads’ e comissões.

Segundo a Bloomberg, o Barcleys revelou que a sua remuneração seria de cerca de 1,2 milhões de euros por ano, mas também de incentivos que poderiam ir até duas vezes e meia o seu salário.

Fonte: Dinheiro Vivo

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