A Efacec vendeu a sua fábrica de transformadores de potência nos Estados Unidos à Caravel, LLC, do grupo norte-americano Virginia Transformers Corporation. O valor da transação não foi divulgado.

O contrato, que fica encerrado dentro de um mês, surge no âmbito do plano de reestruturação que o grupo português tem vindo a concretizar para se concentrar num número mais reduzido de geografias e focar mais o seu portefólio de negócios.

Inaugurada em abril de 2010, com um investimento inicial de 180 milhões de dólares (145 milhões de euros) que prometia criar 600 empregos diretos e 1500 indiretos, a fábrica da Geórgia foi apresentada, na altura, como “um passo decisivo” na estratégia de internacionalização da empresa, que tem nos Estados Unidos um dos seus mercados alvo.

A venda à Caravel, LLC, integrada no quarto maior produtor de transformadores de potência da América do Norte, contempla a alienação de todos os ativos da unidade, incluindo o serviço de servicing da fábrica nos Estados Unidos, garante a integração dos 200 trabalhadores que lá trabalham, alguns dos quais são portugueses, prevê o direito de utilização da marca portuguesa durante 18 meses nos Estados Unidos e, depois desse período, o novo dono da Efacec Power Transformers inc passa a ser canal de distribuição de produtos Efacec no mercado norte-

No caso dos trabalhadores portugueses, menos de uma dezena, segundo a empresa, o vínculo laborar é a Portugal, pelo que poderão optar entre ficar sob o controlo do novo acionista americano, regressar ou passar para a Efacec USA, que reúne as atividades do grupo no país.

A Efacec continua presente nos Estados Unidos com estrutura comercial própria e servicing, mantendo as operações noutras áreas de negócio.

Ordem para concentrar

De acordo com uma estratégia de focalização do negócio, redução do endividamento e ganhos de eficiência, a Efacec já vendeu a ACS, nos Estados Unidos, e assumiu uma retirada da área de projetos no Brasil, onde um dos passos dados foi a venda da Efacec Energy Service aos brasileiros da WEG. Este processo passa, também, pela constituição de uma nova empresa, a Efacec Power Solutions, para agregar os negócios core do grupo.

Numa entrevista à revista Exame, em abril último, o presidente da Efacec, João Bento, sintetizou as operações em curso: “Não podemos fazer tudo em todo o lado”. Na altura, João Bento admitiu que a empresa “poderia ter tido mais sucesso se fosse ligeiramente mais pequena” e que o facto da conjuntura ter impedido o regresso da empresa à Bolsa condicionou os planos do grupo, a sair de um ciclo de expansão acelerado, exigente em termos de investimento.

A venda da unidade nos Estados Unidos surge num período em que os acionistas da Efacec – grupo José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves – procuram um novo parceiro que lhes permita ganhar músculo financeiro. Sobre este processo, a direção da Efacec limita-se a confirmar que continua “numa fase de interação com interessados”.

De acordo com fontes do mercado, os potenciais candidatos a uma entrada no capital do grupo português são os chineses da State Grid, acionistas de referência da REN, a empresária angolana Isabel dos Santos e o fundo de private equity norte-americano First Reserve.

Uma nova Efacec

Com uma dívida de 370 milhões de euros e prejuízos de 90,5 milhões de euros, a Efacec fechou o último exercício no vermelho, com os principais indicadores em baixa face ao exercício anterior. As vendas caíram de 780 milhões para 691,7 milhões de euros, entre 2012 e 2013, a entrada de novas encomendas desceu de 900 milhões para 717 milhões de euros e o lucro de 7,4 milhões passou para um prejuízo de 90,5 milhões de euros.

No entanto, uma projeção feita para a nova empresa (Efacec Power Solutions), correspondente ao perímetro da Efacec depois de concluída a reestruturação em curso, mostra um desempenho bem diferente para o mesmo período.

Os resultados proforma correspondentes a esta empresa revelam uma unidade com menos encomendas (539 milhões de euros) e menos vendas (494 milhões de euros), mas com melhores resultados para apresentar a potenciais investidores, uma vez que este trabalho de análise interna aponta para uma margem bruta de 101,4 milhões de euros, um EBITDA de 57,8 milhões de euros, quase sete vezes superior ao registado em 2013, e um EBT positivo de 23,8 milhões de euros.

 

Fonte: Expresso

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