Defensores da saída do euro invocam o caso da Islândia. E dizem que a recuperação será mais rápida

Há cada vez mais vozes a defenderem a saída de Portugal do euro. A receita troika aplicada pelo executivo mergulhou o país numa espiral recessiva onde não há fim à vista, pese o optimismo invocado em sucessivas projecções económicas que nunca vêem a luz do dia. Mais. As últimas projecções da Comissão Europeia apontam para uma contracção da economia na zona euro de 0,3% e um modesto crescimento de 0,1% em toda a União, um cenário que reforça o pessimismo.

Da esquerda à direita, está pelo menos aberta a obrigatoriedade do debate. Octávio Teixeira, João Ferreira do Amaral, João Rodrigues e Jorge Bateira são as vozes de esquerda a assumirem abertamente a saída, em prole do controlo da moeda. Octávio Teixeira preconiza mesmo um regresso anterior ao euro, quando o ecu permitia a cada estado uma banda de desvalorização da sua moeda relativamente ao euro, como aliás hoje acontece nos países da União Europeia que não pertencem à zona euro.

À direita, é mais difícil encontrar quem defenda abertamente a posição. Pedro Arroja é uma excepção, tendo assumido há muitos anos que a moeda única não serve ao país. O ex-assessor do governo liderado por Durão Barroso, Bráz Teixeira, partilha do mesmo princípio e considera o fim do euro uma evidência. Entre os defensores do fim do euro, todos concordam que Portugal vai sofrer menos e recuperar mais depressa do que se continuar a seguir a política imposta pela troika. Last, but not least, o crescimento das exportações através da desvalorização da moeda vai permitir um rápido aquecimento da economia e mais emprego.

João Duque e Silva Peneda, também contactados pelo i, acreditam menos na bondade destes argumentos, embora reconhecendo que a situação actual é muito complexa e de desfecho imprevisível. Silva Peneda defende que se não forem feitas as reformas na Europa, não será apenas Portugal a sair do euro, mas também outros países. “Uma moeda única num espaço onde há diferentes níveis de competitividade deve ir no sentido de reforçar a competitividade dos mais fracos e não o contrário”, defende, relembrando que o princípio da solidariedade que esteve na origem da União Europeia está em vias de extinção. “Estamos perante uma crise que é federal, mas onde não existem nem instrumentos nem soluções federais”, conclui.

Fonte: Jornal i

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