A empresária angolana falou ao Financial Times sobre a sua vida, sobre a relação com o pai e sobre a sua ascensão no mundo dos negócios.

É a mulher mais rica de África, filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e raramente faz declarações aos jornais. Mas hoje Isabel dos Santos aceitou falar com o diário britânico Financial Times.

Na conversa que manteve com o jornalista Tom Burgis, num restaurante em Londres, a empresária angolana abordou a sua infância e a relação com o pai e falou da sua ascensão meteórica no mundo dos negócios. Diz que trabalha “sete dias por semana”, mas que se sente bem com isso se conseguir criar postos de trabalho.

“Estou sempre a trabalhar, sete dias por semana”, revelou Isabel dos Santos durante o almoço com o jornalista do FT. “O trabalho é divertido. Se faz alguma coisa que vai dar um emprego a alguém, e essa pessoa depois pode pagar a educação do seu filho, e depois o seu filho vai ser um médico, que provavelmente ajudará muitas outras pessoas, isso é muito motivante. Muito mais divertido do que ir para a praia”, acrescentou.

A empresária, que detém participações no BPI, Zon e, de forma indirecta, na Galp, afasta qualquer ligação entre a influência do seu pai com o seu sucesso no mundo empresarial. “Há muitas pessoas com ligações familiares, mas que hoje não são ninguém. Se for trabalhador e determinado vai ter sucesso e isso é o principal. Não acredito em caminhos fáceis”, salientou.

E lembrou que nunca esteve envolvida na política: “Nunca tive qualquer papel na política. Nunca tive um emprego na administração pública. Não trabalho com o Governo”.

“Mas imagino que seja muito difícil distinguir o pai da filha. Penso que essa dificuldade advenha de estar a fazer as minhas coisas e o meu pai ser uma figura política africana muito forte há tantos anos”, concedeu.

Sobre o pai, Isabel dos Santos diz que gosta de cozinhar e que é adepto de peixe. E lembra-se que sempre foi muito exigente com a educação da sua filha.

“[Os meus pais] foram muito exigentes comigo.Tinha cerca de 23 horas de aulas por semana, mais os laboratórios, mais os relatórios, pelo que não havia tempo para divertimentos”, contou.

Diz ainda que tanto ela como o pai nunca tiveram o “sentido da grandiosidade”. “Eu ia à escola a pé. Tive sentido para os negócios desde muito nova. Vendia ovos quando tinha seis anos”, recordou Isabel dos Santos.

A empresária abordou ainda o actual momento da economia angolana, onde espera contribuir com a criação de mais oportunidades para baixar a desigualdade no país.

“Como se consegue baixar a desigualdade em Angola? Criando oportunidades e criando cada vez mais desenvolvimento. Acordar de manhã e ir trabalhar, fazer alguma coisa. Vai demorar muito tempo, mas quanto mais coisas se fizer acontecer, mais coisas serão construídas”, disse, antes de um encontro com consultores a propósito de projecto de uma cadeia de supermercados.

Fonte: Económico

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