A taxa Euribor atingiu hoje, no prazo a três meses, -0,001%, o primeiro valor negativo de que há registo, de acordo com a Bloomberg.

As Euribor negoceiam em mínimos históricos. A taxa Euribor a três meses- um dos principais indexantes utilizados no cálculo do crédito à habitação e também no crédito a empresas – caiu hoje pela primeira vez para valores negativos, ao ser fixada em -0,001%. Já a Euribor a um mês está negativa em 0,034% e a taxa a uma semana fixou-se em -0,091%.

Os juros negativos são reflexo da política monetária expansionista adoptada pelo Banco Central Europeu (BCE). Além de manter a taxa de referência em 0,05% na sua última reunião, o BCE avançou no início de Março com um programa de compra de activos de 1,1 biliões de euros, com o intuito de evitar a deflação na Europa e animar a economia, uma medida que aumentou substancialmente a liquidez no sistema e que tem vindo a pressionar as taxas de juro interbancárias.

“O excesso de liquidez continua a fazer fluir para o sistema cada vez mais recursos, devido ao programa de estímulos do BCE”, explica à Bloomberg um analista da JPMorgan Chase. “Os bancos dão por si inundados com depósitos mas têm de pagar ao BCE para colocar lá o dinheiro, pelo que preferem emprestar uns aos outros” para não ter uma rendibilidade tão negativa, já que a taxa dos depósitos está em -0,2%.

Prestação da casa desce

A Euribor a 3 meses é utilizada por muitas famílias como indexante nos contratos de crédito, nomeadamente para a compra de casa. O que quer dizer que as famílias vão pagar menos pelos empréstimos contraídos junto das instituições financeiras. Neste caso, e tal como já foi explicado pelo Banco de Portugal, o valor negativo do indexante terá de ser reflectido nos contratos.

Em termos práticos, assumindo o exemplo de um crédito à habitação com taxa variável a três meses, caso a Euribor seja negativa e o ‘spread’ (margem de lucro do banco) for baixo, poderá acontecer o banco ter de ‘pagar’ o dinheiro emprestado pelo cliente, através do abatimento no capital em dívida.

“Para já não há ponto de inversão”

O analista da IMF, Filipe Garcia, acredita que a Euribor a 3 meses tem espaço para cair mais. “A maturidade mais curta vai indicando até onde as mais longas podem cair. Se olharmos para a taxa a 2 meses, por exemplo, que atingiu valores negativos pela primeira vez a 7 de Abril e nunca mais cotou em positivo – aliás tem vindo a cair – … deve acontecer a 3 meses também”, explica.

Ponto de inversão só mesmo “quando o BCE der a entender que quer alterar a sua politica monetária”, o que “não deverá acontecer no curto prazo”, dado que o programa de compra de activos do banco central vai vigorar até Setembro de 2016, sublinha.

Ainda assim, a queda da Euribor deverá ser “muito pontual”, refere o mesmo responsável, lembrando que a taxa mais negativa é a da Euribor a uma semana (-0,091%) e que dificilmente se ultrapassará a fasquia dos -0,2% que o BCE cobra pelos seus depósitos.

Fonte: Económico

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