Importações também cresceram, mas a um ritmo ligeiramente inferior. Mesmo assim, o saldo comercial foi negativo, em cerca de 35 milhões de euros. Sector mostra-se a partir de hoje em Lisboa

 

As exportações de produtos alimentares aumentaram 14% nos primeiros dois meses do ano face ao período homólogo de 2012, e já valem quase 380 milhões de euros. Contudo, o crescimento das vendas para o exterior foi quase proporcional ao da compra de produtos estrangeiros. Os dados do INE revelam que entre Janeiro e Fevereiro, as importações deste grupo de produtos (que inclui desde preparações de carne, açúcar ou bebidas) aumentaram 13%.

O saldo comercial ainda é deficitário. As compras ao estrangeiro valem mais de 414 milhões de euros e, contas feitas, resultam num défice de 34,4 milhões de euros, que o país ainda não conseguiu inverter. A pesar nestes números estão matérias-primas que não existem em Portugal e que têm de ser importadas, como o açúcar ou o cacau, e outras com produção local diminuta (tabaco).

Espanha é simultaneamente o maior comprador e o maior fornecedor de produtos alimentares. Nos primeiros meses do ano, e apesar da crise no país vizinho, Portugal conseguiu aumentar em 29% as vendas para Espanha, que totalizaram quase 97 milhões de euros. Ao mesmo tempo, importou 187 milhões de euros de produtos, mais 14% em comparação com o acumulado de Janeiro e Fevereiro do ano passado. Com a Europa ocupada a resolver os problemas da dívida, as empresas nacionais reforçam vendas em Angola (mais 29%) e nos EUA (18%) e assistem à queda dos mercados até agora mais tradicionais. As exportações para França caíram 6% e para a Alemanha 8%.

Se considerarmos os produtos agro-alimentares transformados e as bebidas, a dependência face ao exterior reduz-se, garante Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) e também da comissão organizadora da feira Alimentaria, que hoje arranca em Lisboa. Até Fevereiro, as exportações somaram 665 milhões de euros, mais 12,73%, adianta. Nestes valores estão contabilizados produtos que o INE inclui no grupo dos agrícolas, como os lacticínios, por exemplo. “O maior crescimento dá-se fora da União Europeia, com um aumento de 20,37% das exportações extracomunitárias. Dentro da EU, cresceram 8,28%”, afirma.

Em sectores como a carne, Portugal não é auto-suficiente, mas Jorge Henriques, no dia em que Lisboa recebe 1400 estrangeiros potencialmente interessados nos produtos nacionais, defende que a indústria agro-alimentar “tem vindo a trabalhar para aumentar” as vendas ao exterior. “É um sector que produz mais de 14 mil milhões de euros e exportou quatro mil milhões. É absolutamente estratégico para o país”.

As estimativas para 2013 são crescer acima dos 10%, já que os últimos dados apontam para um “ritmo de crescimento interessante”. Contudo, o mercado interno não pode ser esquecido, defende. “É preciso que não se contraia mais. Temos de continuar a crescer nos mercados de exportação, mas esse crescimento tem de ser sustentado no mercado interno, que não pode continuar deprimido”, alerta.

A crise atirou os níveis de consumo de alguns produtos para os anos 1990. É o caso das cervejas, refrigerantes e águas minerais, que, tal como os produtos lácteos, têm vindo a perder clientes em Portugal nos últimos dois anos e a contrair “para níveis que começam a ser alarmantes”.

Até à próxima quarta-feira, a Alimentaria & Horexpo vai tentar impulsionar as exportações e mostrar que as empresas têm “níveis de competitividade e segurança alimentar” à altura da Europa e do mundo. A indústria, diz Jorge Henriques, tem feito um trabalho de casa “irrepreensível” e resiste “até ao limite”. No evento, vão estar presentes 800 empresas, 70% portuguesas. O Brasil é o país convidado.

Fátima Vila Maior, directora de Feiras da FIL, adianta que Alimentaria é a quarta maior da Europa e, pela primeira vez, tem como parceiras a PortugalFoods, a Viniportugal, Portugal Fresh ou o Agrocluster do Ribatejo. “Conseguimos reunir a uma só voz várias entidades e contamos com empresas como a Unicer, a Sumol+Compal e a Nobre, que não estavam na edição anterior. Têm grande capacidade de exportação”, justifica. No espaço Innoval, são apresentados os mais recentes lançamentos. No total, são cerca de 80 os novos produtos nacionais.

Fonte: Público

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