Uma empresa com sede em França está a construir no porto de Sines uma fábrica para produzir combustível naval a partir dos óleos residuais recolhidos nos navios de carga, aproveitando material que atualmente é incinerado.

A unidade, que deverá estar pronta a funcionar em outubro deste ano, será a primeira a nível mundial com esta tecnologia, adiantou hoje à agência Lusa o presidente e fundador da Ecoslops, Michel Pingeot. O projeto representa um investimento superior a 14 milhões de euros, comparticipado em 55% das despesas elegíveis por fundos comunitários, e irá criar 35 postos de trabalho diretos e 25 indiretos, estimando-se que venha a gerar receitas na ordem dos 10 milhões de euros anuais, referiu o empresário.

A Ecoslops Portugal tem, desde o final do ano passado, o exclusivo da recolha dos óleos residuais gerados pelos navios de carga no porto de Sines, por via de uma subconcessão contratada com a Companhia Logística de Terminais Marítimos (CLT), do grupo Galp Energia, concessionária do terminal de granéis líquidos.

Segundo Michel Pingeot, “todos os navios” originam óleos residuais, quer devido ao armazenamento e utilização de combustível para o seu funcionamento, quer, no caso dos cargueiros de granéis líquidos, dos resíduos de produtos (crude e refinados, entre outros) que ficam nos tanques.
“Dependendo da dimensão do navio”, a quantidade de resíduos produzida pode chegar às 250 toneladas, explicou.

O lançamento destes resíduos para o mar tem representado um “problema ambiental”, indicou o empresário, mas, mesmo a solução adotada atualmente tem consequências negativas, uma vez que a incineração provoca a emissão de substâncias poluentes para a atmosfera.

Na fábrica em construção em Sines, por empresas locais, após a separação dos óleos residuais em água, sedimentos e hidrocarbonetos, estes últimos são submetidos a um processo que os transforma em combustível naval, que será vendido aos fornecedores deste produto.

Michel Pingeot sublinhou o caráter “amigo do ambiente” deste combustível, não só pela reciclagem dos resíduos, mas também porque todo o processo de produção, desde a recolha ao fornecimento, se desenrola num espaço físico limitado, dispensando transportes e reduzindo a “pegada ecológica” do produto. De acordo com o responsável, a unidade terá uma capacidade de produção de 100 toneladas de combustível naval por dia, o que implica o processamento de cerca de 200 toneladas de óleos residuais.

O porto de Sines deverá ser o único a receber uma fábrica da Ecoslops, já que, conforme adiantou o empresário francês, esta será suficiente para processar a totalidade dos óleos residuais produzidos no país.

Fonte: Dinheiro Vivo

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