Atenas entregou oficialmente o pedido de extensão aos parceiros da Zona Euro. Fontes oficiais afirmam que o Governo de Alexis Tsipras vai exigir condições diferentes das que vigoram actualmente para a Grécia. Eurogrupo vai reunir-se na sexta-feira para debater pedido helénico.

Tal como estava previsto, a Grécia entregou esta quinta-feira, 19 de Fevereiro, o pedido oficial de extensão dos empréstimos aos parceiros europeus. Atenas quer prolongar o programa de financiamento por mais seis meses, até Agosto.

A notícia está a ser avançada esta quinta-feira pelas agências Bloomberg e Reuters. O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, também já veio a público, através do Twitter, confirmar oficialmente que recebeu o pedido de extensão.

A Grécia vai pedir uma extensão do “Master Financial Assistance Facility Agreement” (M-FAFA) à Zona Euro, que foi assinado originalmente com o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e que tinha sido alargado até 28 de Fevereiro. No total, a Grécia já recebeu empréstimos no valor de 142 mil milhões de euros através deste programa.

A extensão do empréstimo europeu vai ser analisada na sexta-feira pelos ministros das Finanças da Zona Euro no Eurogrupo que vai ter lugar pelas 14 horas de Lisboa. Esta vai ser a terceira reunião do Eurogrupo em dez dias, sempre com a Grécia em cima da mesa.

Segundo avançam fontes do Governo de Alexis Tsipras, a Grécia vai pedir condições diferentes das que vigoram actualmente para o país. Isto mesmo tinha sido exigido pelo ministro das Finanças grego no final do Eurogrupo de segunda-feira.

Na proposta entregue hoje por Atenas, houve alguns recuos face às exigências anteriores de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis. Primeiro, a troika vai mesmo manter-se na Grécia, algo que o Governo grego já tinha recusado. Depois, compromete-se a concluir com sucesso o actual programa de ajustamento.

Grécia recusa medidas recessivas

Yanis Varoufakis recusa medidas recessivas para a Grécia, quer condições bem específicas. As “palavras nebulosas”, “alguma flexibilidade”, levaram com que a Grécia acabasse por não aceitar a proposta dos parceiros europeus.

Durante estes seis meses, Atenas pretende negociar com os parceiros europeus um “contrato de crescimento para a Grécia”, conforme sinalizou Varoufakis.

Fonte do Governo grego garantiu que Atenas está a “fazer tudo para chegar a um acordo mutuamente benéfico”.

“O nosso objectivo é concluir este acordo rapidamente. Estamos a tentar encontrar pontos em comum”, disse Gabriel Sakellaridis, porta-voz do Executivo de Tsipras, citado pela Reuters.

Resta agora saber qual a disponibilidade dos parceiros europeus para aceitarem uma extensão do empréstimo europeu, mas com condições ditadas pela Grécia.

Angela Merkel disse ontem que, quando os países estão “com problemas”, a Europa “mostra a sua solidariedade”. Mas sublinhou que esta solidariedade “não tem um só sentido. A solidariedade e os esforços dos países são dois lados da mesma moeda. E isto não vai mudar”, garantiu.

BCE aumenta pressão

Foi ontem que o Conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) se reuniu para analisar a linha de liquidez de emergência para os bancos gregos (programa ELA). O limite máximo dos fundos a emprestar aos bancos gregos aumentou dos 65 para os 68,3 mil milhões de euros.

Mas ficou abaixo do pretendido dos 10 mil milhões de euros pretendidos pela banca helénica, com uma fonte do sector a indicar à Reuters que este dinheiro só vai servir para uma semana, se a actual fuga de depósitos se mantiver.

O regulador para a banca europeia – Mecanismo Único de Supervisão – também alertou os bancos gregos para não emprestarem dinheiro às entidades públicas, pois isto significaria que o programa ELA estaria a ser usado para financiar directamente um estado-membro, algo contrário aos tratados europeus.

Qual é a proposta da Grécia?
Estas são as linhas gerais da proposta que a Grécia entregou hoje ao Eurogrupo, conforme avançam as agências Reuters e Bloomber.
Durante a extensão, “vamos avançar em conjunto, ao fazermos o melhor uso de flexibilidade no programa actual, em direcção a uma conclusão com sucesso e revisão na base de, por um lado, do Governo grego e, por outro das instituições”, diz a carta.
Atenas quer que o BCE volte a aceitar dívida grega como colateral para financiar os bancos.
A Grécia compromete-se a um orçamento equilibrado durante o período da extensão do empréstimo.
A Grécia compromete-se a reformas imediatas para combater a evasão fiscal e a corrupção.
A proposta inclui medidas para lidar com a crise humanitária e para promover o crescimento da economia.
A extensão por seis meses vai dar margem de manobra ao Governo de Alexis Tsipras para começar a negociar com os parceiros europeus – e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – um novo programa de crescimento para o período entre 2015-2019.
Este novo programa vai incluir um acordo sobre a redução de dívida, o que está em linha com o acordado entre a Grécia e o Eurogrupo em 2012.
Esta extensão vai permitir à Grécia negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e parceiros europeus um novo
A troika vai ser responsável por monitorizar esta extensão.
Esta extensão vai permitir ao FEEF extender a validade das suas obrigações para a recapitalização da banca grega durante seis meses.
Fonte: Negócios

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