A empresa aposta nos Açores, onde se produz o “melhor leite do mundo”para lançar produtos lácteos diferenciados. O conceito de Natureza será a imagem de marca.

A Bel Portugal, que detém as marcas Terra Nostra e Limiano, vai aplicar este ano mais de dez milhões de euros na optimização do processo fabril nos Açores e no lançamento de novos produtos lácteos, com o foco na inovação. O maior projecto da Bel é o programa ‘Leite de Vacas Felizes’, que visa distinguir o leite produzido nos Açores – onde explora duas fábricas – como “o melhor do mundo”. Esse reconhecimento irá permitir à Bel Portugal fabricar produtos lácteos diferenciadores para conquistar o mercado interno e reforçar a internacionalização da marca Terra Nostra.

A estratégia é utilizar o leite produzido nos Açores, fruto de 365 dias de pastagem, e criar produtos com maior valor acrescentado. O programa já tem quase três anos de preparação e em 2016 deverá ser visível para o consumidor. A Bel começou já a auditar os seus 500 fornecedores de leite nos Açores para que possam obter a certificação do programa ‘Leite de Vacas Felizes’. Os produtores têm que assegurar um conjunto de boas práticas e de requisitos para obterem o selo de certificação, sendo que em causa está a pastagem, o bem-estar animal, a qualidade e segurança alimentar, a produção sustentável e a eficiência.

“No final de 2015 deveremos ter no mínimo 15 milhões de litros de leite do programa, o que já dá alguma massa crítica” e “em 2016, os primeiros produtos com o selo”, considera Ana Cláudia Sá, directora-geral da Bel Portugal. E se numa primeira fase os olhos da Bel estão postos no mercado interno, este programa é “um passo importante em termos de internacionalização da marca” Terra Nostra, adianta. Segundo Ana Cláudia Sá, “90% do mercado nacional é indiferenciado e depois há o segmento ‘premium’, há um espaço não explorado” e é aí que recai a aposta da empresa para estes produtos lácteos, onde é explorada a vertente ‘natural’ do alimento. O projecto é de médio e longo prazo.

Esta estratégia é também uma resposta da Bel Portugal ao fim das quotas leiteiras na União Europeia, que entra em vigor em Abril, e que já se começa a sentir na quebra do preço do leite. Como realça Ana Cláudia Sá, “é completamente impossível combater os baixos preços” da produção do Norte da Europa e uma das respostas é a diferenciação”. A preocupação “é não perder mercado para os concorrentes estrangeiros, temos de ter cuidado para não permitir a entrada de produtos mais baratos”, frisa. Afinal, “o consumidor valoriza a saúde e a qualidade”, diz ainda.

Os produtores açorianos que obtenham a certificação “Leite de Vacas Felizes” também saem a ganhar, realça. A Bel Portugal está disposta a pagar mais um cêntimo por litro e a conceder benefícios sociais a esses produtores. Actualmente, a empresa paga 27 cêntimos, mas esse valor pode chegar aos 36 cêntimos caso o produtor assegure o transporte, refrigeração, mais quantidade e qualidade.

Segundo Ana Cláudia Sá, a empresa tem em preparação “um grande investimento no leite UHT, que actualmente não tem uma margem sustentável”. Como diz, “queremos fazer um leite diferente” e esse projecto começa já em Fevereiro/Março. Ainda este mês, a Bel Portugal vai lançar a marca Limiano em formato de utilização culinária, por exemplo queijo ralado e para a Páscoa prepara o lançamento de um novo queijo de prato desta marca.
A Bel Portugal apresenta oficialmente hoje o programa “Leite de Vacas Felizes” em Ponta Delgada, nos Açores, numa cerimónia que conta com a presença do presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.

 

Fonte: Económico

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