Depois do sector energético, as empresas chinesas diversificam para outros negócios.

A China despertou em força para Portugal nos últimos dois anos. Uma aposta, até agora, em negócios regulados do sector energético que lhe garantem o acesso a países de expressão portuguesa. A próxima investida promete agora centrar-se nos resíduos sólidos urbanos, sob alçada da Empresa Geral de Fomento (EGF), cujo capital será privatizado em 2013. Segundo o Diário Económico apurou, o interesse já manifestado ao Executivo de Passos Coelho por diversas empresas chinesas visa o acesso ao ‘know how’ da EGF e a criação de pontes para o Brasil e África.

O pontapé de saída desta estratégia foi dado com a entrada da Three Gorges na estrutura accionista da EDP. A operação, realizada em 2012, marcou a estreia no sector energético europeu.

Num processo renhido com empresas do universo de influência da economia portuguesa, como a alemã E.On e as brasileiras Eletrobras e Cemig, a Three Gorges apostou no preço e nas contrapartidas de financiamento. Um dos calcanhares de Aquiles da eléctrica nacional, então com uma dívida na ordem de 17 mil milhões de euros, ensombrada pela degradação do ‘rating’ da República.

Por 21,35% do capital da EDP, que lhe garante o estatuto de maior accionista da empresa,o grupo chinês pagou 2,7 mil milhões de euros. Ao pacote juntou a abertura de uma linha de crédito, com uma maturidade até 20 anos, de mais dois mil milhões de euros. Em contrapartida, assegurou o acesso a um conjunto de novos mercados na área das energias renováveis, com destaque para os Estados Unidos, onde a EDP é um dos maiores operadores. Com numerosos activos em diversos países europeus, a EDP marca ainda presença no cobiçado mercado brasileiro, onde as empresas chinesas têm vindo a ganhar terreno.

Prova disso é a State Grid, que meses depois da privatização da EDP, comprou 25% da Redes Energéticas Nacionais, a gestora das infra-estruturas portuguesas de electricidade e gás natural.

Este grupo, que em 2012 tinha anunciado a compra de sete empresas de distribuição de energia espanholas da ACS, no Brasil, tem em marcha uma estratégia agressiva de crescimento nesta zona do globo. A sua gestão já fez saber que pretende investir no Brasil cerca de 55 mil milhões de dólares (40,7 mil milhões de euros) nos próximos anos.

Em negociações avançadas para adquirir o controlo da espanhola Abengoa, a State Grid promete assim transformar-se na quinta maior companhia energética a operar no Brasil país.

Entre as prioridades de investimento acordadas com a REN foram identificadas, além de Moçambique e Angola, o Brasil. Para já, apenas como fornecedor de serviços da State Grid neste país da América Latina, a que poderá seguir-se a participação conjunta em projectos de investimento, como está definida para os países africanos.

O trunfo da State Grid, face à concorrência, para garantir o sucesso na privatização da REN voltou a ser o mesmo: o preço e acesso a crédito. O grupo chinês pagou aos cofres do Estado quase 400 milhões de euros e ofereceu uma linha de crédito de mil milhões de euros.

Fonte: Económico

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