Mais de metade das empresas que deixaram de estar em incumprimento são PME.

Os números do incumprimento no crédito das famílias e das empresas continuam a dar sinais de alívio. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal, no último trimestre do ano passado um total de 8.080 famílias abandonaram o incumprimento. Ao mesmo tempo 1.286 empresas deixaram de ter créditos em situação irregular, o número mais elevado dos últimos sete anos.

Trata-se do terceiro trimestre consecutivo em que os números do incumprimento diminuem nos dois segmentos de crédito. No primeiro caso, o número de famílias com empréstimos vencidos fixou-se em 651.711 no final de 2014, o que representa o patamar mais baixo dos últimos quatro anos. No total, estas famílias eram responsáveis nessa altura por um total de 6,4 mil milhões de euros em crédito em incumprimento. De forma desagregada, na finalidade de consumo e outros fins foi onde se registou a maior redução dos casos de incumprimento entre o início de Outubro e Dezembro – 8.683 créditos -, para atingir um total de 589.437 créditos (mínimo de final de 2010). Já no lado da habitação, 2.971 agregados familiares deixaram de ter créditos em situação irregular no mesmo período. A maior redução desde o final de 2012.

No segmento empresarial, o total de 1.286 empresas que no último trimestre do ano passado deixaram de ter crédito vencido foi o mais elevado desde o mesmo período de 2007, com o total do crédito em incumprimento a registar uma quebra de 111,7 milhões de euros, para um total ligeiramente acima de 13 mil milhões de euros. Mais de metade das saídas de incumprimento disseram respeito a créditos de Pequenas e Médias Empresas (PME).

De acordo com Filipe Garcia, economista da IMF, existem dois motivos que ajudam a explicar a diminuição das situações de incumprimento em Portugal. Um deles relacionado com a estrutura do crédito. “Houve menor número de créditos novos versus o vencimento dos antigos, o que por si só explica parte da diferença; a isto alia-se o facto de os novos créditos serem concedidos de forma mais restrita, potenciando taxas mais baixas de incumprimento”. E remata que “já entrou em incumprimento, quem tinha de ter entrado” e a “qualidade” média do crédito tem melhorado. O mesmo responsável salienta ainda a relevância do serviço da dívida, explicando que este hoje é mais baixo, o que também potencia um menor incumprimento.

No caso concreto das empresas, a quebra das situações de incumprimento acontece numa altura em que as condições de financiamento sobretudo às PME também assinalam uma melhoria. Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Banco de Portugal referentes ao final de Novembro do ano passado, as taxas de juro nos novos empréstimos às PME recuaram, em termos médios, abaixo da fasquia dos 5% (4,93%), o que já não acontecia desde Dezembro de 2009. Este movimento deveu-se sobretudo à redução dos ‘spreads’ praticados pelos bancos na altura de emprestarem dinheiro, que baixaram nesse mês para o nível mais baixo desde Outubro de 2010.

 

Fonte: Económico

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