O presidente do Instituto de Seguros de Portugal (ISP) explicou hoje, na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, que só em Junho teve conhecimento da exposição ao GES. As aplicações comprometiam a saúde financeira da Tranquilidade.

“A 6 de Junho, em reunião com a administração da Tranquilidade, o ISP [Instituto de Seguros de Portugal] tomou conhecimento de operações de financiamento num total de 150 milhões de euros, susceptíveis de comprometer seriamente a situação de provisões técnicas da Tranquilidade e T-Vida”, disse hoje José Almaça.

O presidente do ISP explicou que só então teve conhecimento da exposição da companhia ao Grupo Espírito Santo (GES). Aqui se incluíam 85 milhões de euros de papel comercial da ESFIL, 15 milhões de euros de apoio à tesouraria da Espírito Santo Financial Portugal e cerca de 50 milhões à ESFG. Tinha ainda a Tranquilidade adquirido 10% do capital da ESAF. Até então, garantiu Almaça, “nada havia a assinalar de relevante” na situação de solvência das várias empresas supervisionadas.

“Os valores envolvidos comprometiam seriamente a situação de provisões técnicas da Tranquilidade e T-Vida”, passando “o ISP a acompanhar todas as diligências relativas à liquidação das operações de financiamento”. “Dado o incumprimento das provisões técnicas”, o ISP pediu “os planos de financiamentos da reposição da situação financeira”. Essa reposição teria de passar pela venda da companhia, processo que, de resto, já tinha avançado em 2013 por necessidade do GES de geração de fundos.

“Em 24 de Julho, o ISP transmitiu à ESFG e Partran a sua preocupação por se terem alheado da Tranquilidade e do plano de venda em curso”, disse hoje o José Almaça. O presidente do ISP transmitiu que a ausência da venda punha em causa a viabilidade do plano de financiamento e reposição da situação financeira da companhia. “A inacção do accionista podia determinar que o ISP iniciasse os procedimentos para a revogação da autorização de exercício da actividade”, explicou Almaça. Face à ausência de indicação dos accionistas, foi a comissão executiva a liderar as negociações.

Com a resolução do BES e a execução da Tranquilidade, dada em garantia ao Novo Banco pela ESFG, essa mesma chamada de atenção foi feita também ao Novo Banco, disse ainda o responsável. “Deveria ao Novo Banco com a máxima urgência proceder à alienação da totalidade do capital da Tranquilidade”, única forma de resolver os problemas da companhia. A Apollo acabaria por ganhar a operação, estando a mesma ainda em análise pelo ISP.

 

Fonte: Económico

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