O fim do impasse em Itália, com a formação de um governo, está a trazer algum alívio para os investidores, que pedem retornos mais baixos para trocar dívida dos países periféricos. Em sentido inverso, exigem rendibilidades mais elevadas para negociar obrigações alemãs.

As rendibilidades pedidas pelos investidores para negociar títulos de dívida de Portugal estão a recuar, a seguir uma tendência que é partilhada pelos restantes países da periferia da Europa. A formação de um governo em Itália é a justificação.

A taxa de juro implícita das obrigações nacionais a dez anos está a cair 1,9 pontos base para se fixar nos 5,86%, mantendo-se próxima dos valores mais baixos desde Outubro de 2010.

A tendência de descida é generalizada a todos os prazos. Com uma expectativa positiva sobre o desenrolar dos acontecimentos na Zona Euro, os preços das obrigações sobem – o que quer dizer que as rendibilidades são mais baixas (os preços e as rendibilidades das obrigações evoluem em sentidos opostos). Quer isto dizer que os investidores exigem taxas mais reduzidas porque têm uma maior confiança em que venham a receber os retornos associados aos títulos de dívida dos periféricos.

A “yield” da dívida portuguesa a cinco anos perde 7,5 pontos base para 4,64% ao passo que a taxa implícita a dois anos recua 1,5 pontos base para os 2,92%, de acordo com as taxas genéricas da Bloomberg.

Deslize nos periféricos, subida na Alemanha

Com a tomada de posse do novo Executivo italiano, liderado pelo número dois do Partido Democrático Enrico Letta, Itália pôs termo a uma situação de incerteza que durava há dois meses.

Apesar de ainda se esperar a divulgação de quais as políticas económicas a implementar pelo governo, há um sentimento de alívio nos mercados, já que a terceira maior economia da Zona Euro está em condições para implementar a reforma estrutural iniciada pelo governo do tecnocrata Mario Monti. Na tarde de hoje, 29 de Abril, o governo irá enfrentar uma moção de confiança no Parlamento, conforme conta o “The Guardian”.

Esta manhã, haverá um leilão de dívida em Itália no mercado primário (em que o Estado vende directamente os títulos), sendo que os sinais dados pelo mercado secundário (em que os investidores trocam as obrigações que compraram ao Estado) são positivos. A “yield” da dívida italiana a dez anos perde perto de 10 pontos base – à semelhança dos restantes prazos – para negociar nos 3,98%, estando próxima da taxa mais baixa desde finais de 2010.

É da mesma altura o mínimo registado pela dívida de Espanha a dez anos, que se encontra nos 4,24%, um mínimo desde Outubro de 2010.

Em sentido inverso negoceiam as taxas de juro associadas às obrigações alemãs. Havendo uma maior confiança nos mercados, os investidores afastam-se dos activos considerados mais seguros, como é o caso da dívida germânica, e aproximam-se dos mais arriscados, caso dos títulos periféricos. E isso faz com que os preços das obrigações alemãs caiam – e subam as rendibilidades a elas associadas. No mercado secundário, as taxas implícitas à dívida alemã sobem em todos os prazos, estando nos 1,22% na maturidade a dez anos.

Fonte: Negócios

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