O súbito crescimento mensal do crédito de cobrança duvidosa nas empresas, especialmente nas imobiliárias (+9%), ditou novo recorde

Depois de vários meses seguidos a superar novos máximos, o recorde de crédito malparado em Portugal acabou por estabilizar em Novembro do ano passado, com empresas e particulares a deixarem na mão dos bancos 15,92 mil milhões de euros em créditos de cobrança duvidosa nesse mês. Era o culminar de dois anos ruinosos, que levou o total dos créditos malparados a disparar 75%. Contudo, e dois meses depois, o recorde voltou a ser batido.

Segundo dados provisórios ontem avançados pelo Banco de Portugal (BdP), de Janeiro para Fevereiro deste ano o total de malparado em Portugal cresceu 3,9%, totalizando no final daquele mês 16,03 mil milhões de euros.

A subida mensal de 5,6% no malparado das empresas – quase mais 600 milhões de euros – foi o maior responsável por este crescimento, tendo este sido mesmo o salto mensal mais alto desde Julho de 2012. Segundo o BdP, as empresas acumulam agora mais de 10,8 mil milhões de euros em crédito malparado – valor que representa um crescimento de 105% em relação a Janeiro de 2011.

Do total em incumprimento pelas empresas, quase dois mil milhões de euros dos créditos de cobrança duvidosa são da responsabilidade de empresas imobiliárias, cujo malparado total disparou 8,9% só de Janeiro para Fevereiro – mais 160 milhões de euros. Na construção, outro sector bastante afectado pela crise, o crescimento em Janeiro foi de 4,6% face a Fevereiro – mais 73 milhões.

No total, os mais de 16 mil milhões de euros de malparado acumulado pelas famílias e empresas correspondem a 6,73% do total dos empréstimos concedidos pela banca, o rácio mais alto de sempre, que no caso de analisarmos apenas nos créditos às empresas sobe para 10,32%.

O aumento dos créditos de cobrança duvidosa nas empresas fica também evidente se olharmos para a quota de responsabilidade destas no total de malparado em Portugal. As empresas eram responsáveis por 56,4% do malparado total em Janeiro de 2011, valor que subiu até 62,9% em Janeiro de 2012 e que chegou ao final de Fevereiro deste ano em 67,8%.

MALPARADO NAS FAMÍLIAS O total de créditos malparados dos particulares também tem vindo a crescer ao longo dos últimos meses, ainda que a um ritmo inferior ao das empresas – menos que 1% mensal nos últimos três meses. Os dados provisórios do BdP mostram que os particulares acumulavam no final de Fevereiro 5,17 mil milhões de euros em malparado, 3,89% do total dos financiamentos, valor que apesar da ligeira subida mensal que representa, 0,6%, também significa um novo recorde – a última vez que o malparado das famílias caiu foi em Junho.

O crédito à habitação continua a ser aquele que os portugueses mais respeitam, com o rácio de malparado neste tipo de financiamento a situar-se nos 2,08%, quando nos créditos ao consumo e outros fins o incumprimento sobe para 12,1%. Apesar do respeito pelo crédito à habitação, é de notar que desde Fevereiro de 2012 o malparado na habitação cresceu 4,6%, contra a subida de 2,6% no consumo.

Fonte: Jornal i

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