A ligação ferroviária de mercadorias, entre Sines e a fronteira francesa, utilizando o corredor mediterrânico que é a ligação alternativa mais a sul, foi acordada entre os governos de Portugal e Espanha e vigorará até à data em que a linha de comboios Madrid-Irun esteja pronta em bitóla europeia.
Hoje, em Lisboa, às 16h30, a ministra espanhola do Fomento, Ana Pastor, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, realizam uma conferência de imprensa no Ministério da Economia para anunciar o acordo. Mas as novidades não ficam por aqui.
Quatro dias depois da XXVI Cimeira luso-espanhola ter reunido em Madrid os dois governos, também é hoje anunciada, em Lisboa, a assinatura do Acordo para o Céu Único Europeu relativo à gestão conjunta do espaço aéreo dos dois países – o que abrange o controlo de todos os aviões que sobrevoam o espaço aéreo ibérico.
No sector ferroviário foi assinado um memorando entre as empresas CP, Renfe, Refer e Adif para desenvolver projetos nesta área. Um dos dossiês mais importantes para Portugal e Espanha é o que trata da alteração radical que vai sofrer a rede ferroviária espanhola, com a supressão de 48 linhas em bitola ibérica (distância entre carris que vigora na peninsula) – entre as quais a que dá continuidade à ligação portuguesa de Sines a Badajoz.
“Os governos de Portugal e Espanha acordaram que não haverá supressão de qualquer parte do troço da linha de mercadorias Badajoz-Mérida em bitóla ibérica sem que esteja concluída a ligação alternativa em bitóla europeia” (distância entre carris que vigora na Europa), garantiu ao Expresso uma fonte oficial.
A ligação ferroviária espanhola em bitola europeia até Badajoz estará concluída em 2015, enquanto a portuguesa, entre Sines e a fronteira, em bitola europeia, estará operacional em 2017. E a ligação Poceirão-Lisboa estará pronta em 2019, segundo os calendários oficiais.
“De 2015 e 2017 o transporte ferroviário de mercadorias entre Sines e Espanha será assegurado com comboios da Renfe de eixos ajustáveis, que conseguem circular em linhas de bitola ibérica e europeia”, revelou ao Expresso uma fonte conhecedora deste dossiê. A eventual compra ou aluguer destes comboios da Renfe pela CP Carga é uma medida que será analisada e que ainda não foi decidida.
Esta questão assumiu agora maior importância ibérica porque, até 30 de junho, o Governo de Rajoy quer anunciar “cortes” ferroviários para, numa primeira fase, poupar 46,5 milhões de euros. Trata-se de um processo que ainda está em aberto, cujo âmbito de cortes pode ser mais vasto, integrando um ambicioso universo de “cortes ferroviários”.
Em último caso, as poupanças anuais do Governo de Rajoy podem chegar aos 86,5 milhões de euros. Numa primeira análise aos cortes possíveis, o Governo espanhol pretende suprimir a ligação ferroviária em bitóla ibérica entre Badajoz e Mérida, que assegura a continuidade da linha portuguesa entre Sines e Badajoz.
Este “corte” está incluído num plano que o Governo da Mariano Rajoy pondera suprimir ou alterar 127 linhas ferroviárias espanholas. Neste grupo estão linhas que o Governo espanhol considera ineficientes (49), de muito baixa eficiência (seis) e de baixa eficiência (16). Mas também estão 49 eficientes e sete em que as taxas de ocupação são de 52,4%, servindo 5,9 milhões de passageiros, em que Rajoy quer obter poupanças de 5,6 milhões de euros.
Portugal e Espanha vão estar coordenados nas alterações a realizar na rede ferroviária que dá sequência aos transporte de mercadorias provenientes de Portugal ou que se destinam ao nosso país.
O diário espanhol “El País” revelou hoje o plano do Governo espanhol que aponta para a supressão de linhas ferroviárias. Além do impacto sobre a ligação do porto de Sines à fronteira de Badajoz, a supressão destas 48 linhas pode afetar cerca de 1,65 milhões de passageiros ferroviários por ano.
Fone: Expresso