“Apesar da dificuldade que havia em anos anteriores, estive cá em 2010 e 2011, Portugal estava de facto numa situação em que vir a uma conferência destas era um grande desafio. As questões não eram sobre a empresa, eram sobre o país. Apesar de tudo, a experiência pessoal que tenho, as reuniões de hoje penso que foram mais produtivas do que nessa altura”, afirmou Luís Silva.  
O diretor financeiro, que falou com jornalistas no âmbito do Pan-European Days que decorre em Wall Street e que é organizado pela NYSE Euronext e pelo BESI, considerou que “os investidores que acabam por ir às nossas reuniões estão orientados para outras empresas, porque há muitas empresas. São demasiadas empresas, para que haja um investidor correto para cada tipo de empresa, é o sentimento que tive das reuniões realizadas até agora. As grandes questões são uma alteração face aos anos anteriores porque já não há aquela preocupação com Portugal. No nosso caso, grande parte da nossa estratégia e dos resultados não estão em Portugal, mas claramente já não há essa preocupação. Aliás, não houve qualquer pergunta sobre Portugal, sobre as dificuldades, não houve qualquer investidor que fizesse essa abordagem nesse sentido”, revelou o responsável. 

O CFO da construtora admitiu que os contactos com os investidores, “sobretudo os norte-americanos, dão sempre frutos e não só de investidores em ações, mas também de investidores que procuram alternativas de financiamento, nomeadamente em regiões onde está o crescimento. Há muitos investidores que querem aproveitar o crescimento de África. E uma das vantagens da Mota-Engil é ser uma empresa cotada que tem uma exposição muito grande a África, não havendo muitas empresas nesta situação. É um caminho indireto para chegar a uma região do mundo que está a crescer muito, uma forma de conseguirem captar esse crescimento, embora indiretamente, e portanto é preciso investidores que estejam dispostos a captar essa parte do crescimento mas também ficarem expostos a outro tipo de risco, como seja da Europa ou da América Latina”.

“Houve algumas questões sobre Moçambique, onde fizemos agora um esforço muito grande em termos de investimento no gás e no carvão. Do ponto de vista da nossa visão de África, o que leva a muitas perguntas dos investidores sobre o que nos distingue, aparece a ideia de que somos uma empresa pequena portuguesa e porque é que conseguimos ter essa posição em grande projetos em África face a outros players internacionais”, reiterou.

Respondendo à própria pergunta, Luís Silva refere os “quase 70 anos de história a contornar situações e s condições difíceis. Nos últimos dois anos, os investidores fora de Portugal desapareceram praticamente, estão agora a começar a aparecer. África e a América Latina podem vir a representar no curto prazo dois terços do negócio. Portugal está a decrescer em termos de volume, Àfrica está a crescer muito, mas o centro de decisão continua a estar em Portugal. No Brasil estamos a começar agora, mas não temos intenção de ser uma construtora no Brasil, porque já há muitas e muito grandes, queremos aproveitar a presença e evoluir consoante o mercado” , revelou o responsável.” Já tivemos 8 reuniões com investidores, embora tenhamos aproveitado a estada em Nova Iorque para realizar reuniões paralelas”, concluiu.

Fonte: Dinheiro Vivo

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