Há muito que Portugal já se afirmou como um dos principais fornecedores de mão-de-obra qualificada para empresas estrangeiras, nas mais diversas áreas. São cada vez mais regulares as missões de recrutamento realizadas em solo nacional por organizações com posicionamento global que procuram profissionais das engenharias. A Noruega está entre estes países e prepara-se para realizar em abril uma nova operação de contratação no país.
Depois do sucesso alcançado em maio do ano passado, altura em que Portugal acolheu a primeira iniciativa de contratação setorial, direcionada especificamente a engenheiros, sobre a chancela “Engineers Mobility Days”, o evento regressa novamente ao país a 11 e 12 de abril, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), numa iniciativa conjunta do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e da rede Eures. Tal como no ano passado, o evento apresentará oportunidades de trabalho em vários países europeus. Este ano, são sete as nações presentes, representadas por 35 empresas de vários sectores de atividade, mas com um elo comum: todas têm necessidades de mão-de-obra qualificada na área da engenharia que não conseguem preencher internamente. Uma das empresas presentes é a norueguesa National Oilwell Varco (NOV) que nos últimos anos tem recrutado com sucesso em Portugal (ver caixa).
A Noruega foi na última edição do evento a presença mais notada. O país fez-se representar por 19 empresas e pela Embaixada e das 88 colocações apuradas até agora pelo IEFP, 65 foram para a Noruega. Números que a conselheira norueguesa da rede EURES, Eli Skaug Syvertsen, espera superar na segunda edição do evento que agora se aproxima. “A Noruega estará este ano representada por 17 empresas. A National Oilwell Varco estará presente com ofertas para diferentes cidades da Noruega que no seu todo poderão representar cerca de 100 oportunidades de emprego para engenheiros no país”, explica Eli Syvertsen. Segundo a conselheira, “o interesse das empresas norueguesas pelos profissionais portugueses está sustentado por diversos factores entre os quais a qualidade da sua qualificação e o perfeito domínio do inglês”. Mas para Eli os profissionais portugueses representam ainda outro trunfo para as empresas locais: “muitas empresas norueguesas têm interesses no Brasil e em Angola, tornando-se uma vantagem empregar engenheiros portugueses pela proximidade linguística”.
Ainda que nunca tenha tido uma grande tradição de recrutamento em Portugal, a Noruega tem vindo a receber um número crescente de profissionais lusos, de várias áreas mas sobretudo da engenharia, que registam uma excelente capacidade de adaptação. Gabriela Fabião é disso um exemplo. A engenheira de 40 anos está desde outubro de 2011 integrada na equipa da tecnológica FMC Technologies na Noruega. Tomou a decisão de iniciar uma carreira internacional antes do início da crise económica nacional e escolheu a Noruega “por ser um dos melhores países do mundo para viver e trabalhar”. Perfeitamente adaptada à vida local, Gabriela salienta o facto do país ter “um dos melhores índices de qualidade de vida, com um excelente equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e horários de trabalho bem definidos”. Segundo a engenheira “as oportunidades de carreira na Noruega são melhores do que em Portugal, os ordenados são mais elevados e podemos trabalhar em áreas de negócio como as relacionadas com o petróleo, que não encontramos em Portugal”. O país tem uma necessidade grande de engenheiros e por tradição acolhe os emigrantes “com respeito e gratidão”, garante Gabriela Fabião adiantando que as empresa locais valorizam, a par com a qualificação, factores como a produtividade, responsabilidade, proatividade e iniciativa.
Eli Syvertsen confirma que o país tem uma taxa de desemprego muito baixa (apenas 2,7%) e que além de profissionais de engenharia tem carências noutras áreas como enfermeiros, médicos, cozinheiros experientes, empregados de mesas, cabeleireiros, professor de pré-escolar, taxistas, canalizadores, entre muitos outros profissionais. “Entre os engenheiros, os mais requisitados são engenheiros mecânicos, de estruturas, navais e eletrotécnicos. Há também procura de engenheiros civis para a construção, engenheiros químicos, ambientais e de tecnologias de informação”, explica a conselheira Eures.
Segundo o IEFP, que organiza em Portugal os “Engineers Mobility Days”, o evento espera registar uma adesão próxima do ano passado, altura em que participaram no evento cerca de 3500 engenheiros. Este ano, “o evento é realizado em parceria do AESEL/ISEL e tem como meta promover a mobilidade transnacional de engenheiros e profissionais nas áreas das TI, apoiando-os na integração no mercado de trabalho europeu”. A segunda edição nacional do evento conta com a participação presencial de empresas da Noruega mas também da Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Reino Unido e Suécia, beneficiando também este ano da integração de uma versão “online”, como uma mini-feira virtual de emprego apenas possível pela colaboração e envolvimento da Comissão Europeia”.
National Oilwell Varco recruta também para Portugal
A National Oilwell Varco (NOV) não é estreante na participação do “Engineers Mobility Days”. A empresa esteve em Portugal em maio de 2012 para participar na primeira edição do evento e logo percebeu que a aposta era para continuar e, eventualmente, para ir mais longe. Nesta edição do evento, a NOV vai estar presente a triplicar, assegurando vários stands no ISEL, com objetivos de recrutamento distintos. Eli Syvertsen explica que “no evento estarão três sucursais NOV distintas, oriundas de diferentes cidades da Noruega e com ambições de recrutamento diferentes e, em paralelo, a empresa estará também a recrutar para a operação que está a montar em Portugal”. Com efeito, a NOV é a primeira das empresas participantes neste evento a dar o salto em frente e criar uma delegação nacional em Portugal. A nível global, a conselheira norueguesa da Eures adianta que “a empresa terá em aberto cerca de 100 oportunidades de emprego, perto de 40 serão engenheiros a contratar para a equipa portuguesa”.
Irene Gullvaag, senior RH adviser da NOV, é mais contida nas previsões. A gestora fala em 30 oportunidades de emprego disponíveis no evento que arranca a 11 de abril, em Lisboa e confirma a intenção de contratar para o novo escritório da empresa na capital. “A National Oilwell Varco procura engenheiros de várias áreas, motivados e capazes de trabalhar de forma independente, mas também em equipa, com boa capacidade de expressão oral e escrita e competências de comunicação em português e inglês”, explica Irene Gullvaag.
A maioria das contratações da empresa recai sobre perfis ligados à engenharia mecânica e eletrónica. A mesma tendência será aplicada no escritório de Lisboa cujo início de atividade está previsto para maio deste ano. A NOV recrutará em Portugal para preencher as vagas da sua estrutura nacional e Irene Gullvaag estima ter “30 a 40 engenheiros altamente qualificados, no escritório, ao serviço da empresa antes de julho”.
Fonte: Expresso