O novo director-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, afirmou à Lusa que Portugal, tal como os restantes países lusófonos, tem muito a ganhar se conseguir gerar negócios fora das suas fronteiras.

“A facilitação do comércio e das trocas comerciais será necessariamente um ganho importante para Portugal”, disse Roberto Azevêdo, apontando que o bem-estar social e a redistribuição de riqueza estão “intimamente associados à capacidade de [Portugal] gerar negócios fora das fronteiras da União Europeia”.

Em declarações à agência Lusa, o diplomata brasileiro de 55 anos salientou que nesse sentido Portugal, enquanto “membro do maior bloco comercial do mundo”, mas também os restantes países lusófonos, têm muito a ganhar com a “redinamização da OMC” e se conseguirem “fortalecer a sua presença nos fluxos comerciais internacionais”.

O responsável lembrou que as “regras e disciplinas” da Organização Mundial de Comércio, que passará a presidir a partir de 01 de Setembro, “ajudam e favorecem a aumento desses intercâmbios”.

Roberto Azevêdo lembrou que os países lusófonos são um bloco “muito diversificado”, em que cada um dos oito membros têm a sua “experiencia própria na OMC”, mas que cada um deles “pode beneficiar muito das actividades” da organização.

O diplomata brasileiro foi parco nas palavras quando questionado sobre Angola, afirmando que “cada país encontrará maneiras de participar nos fluxos comerciais internacionais da maneira mais adequada” para as suas políticas de crescimento económica e social.

“Acho que os modelos fechados não são modelos sustentáveis e que de uma maneira geral dos governos devem procurar a criação de eficiências e desenvolvimento de uma competitividade global e internacional”, apontou.

Roberto Azevêdo disse contudo ter a “certeza” de que “Angola encontrará o seu modelo de inserção nas redes de comércio internacional” e que isso “beneficiaria todos os seus cidadãos.”

Já sobre Moçambique, o novo director-geral da OMC destacou tratar-se de um país que com uma “vocação muito forte na produção de matérias-primas” e que “evidentemente pode beneficiar das disciplinas comerciais que regulamentam as transacções comerciais nessa área.”

Por outro lado, o diplomata brasileiro manifestou-se esperançado de que as negociações bilaterais entre a União Europeia e os países do Mercosul “cheguem a bom porto”, mas lembrou que o processo “não estará” nas suas mãos.

O responsável salientou que existe “um forte interesse político” em avançar nesse sentido, mas admitiu que as negociações bilaterais “também foram contaminadas” pela paralisação da Ronda de Doha.

Iniciadas em 2001 para facilitar o comércio mundial, essas negociações encontram se paralisadas desde 2008 devido a uma série de divergências entre os países ricos e pobres, sobretudo no que diz respeito à questão agrícola.

“Se por um lado a paralisação da Ronda [de Doha] poderia favorecer as negociações bilaterais, por outro lado a eclosão da crise anulou esse estímulo. E portanto essas negociações ainda não foram retomadas a pleno vapor mas há, pelo que entendo, um interesse político forte dos dois lados de mudar esse quadro”, concluiu.

Fonte: Negócios

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