A Bloomberg perguntou a muitos dos bilionários reunidos em Davos, esta semana, quais são as maiores ameaças à estabilidade global. Mas não ficou por aqui. Quis saber também quanto valerá o barril de petróleo no final do ano, se a Fed vai subir os juros em 2015 e onde investiriam 100 milhões de dólares.

O que tira o sono aos bilionários? Aparentemente, temas como o terrorismo global, os preços do petróleo e a relação da Rússia com a Europa e os Estados Unidos.

A Bloomberg quis saber o que preocupa alguns dos homens mais ricos do mundo, reunidos no Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, e as respostas variaram. Mas foi mais longe: perguntou-lhes quanto valerá o barril de petróleo no final do ano, se a Fed vai subir os juros em 2015 e onde investiriam 100 milhões de dólares.

Segundo a agência noticiosa, cerca de meia dúzia de participantes, incluindo o magnata irlandês das telecomunicações, Denis O’Brien, e o bilionário italiano dos sapatos, Mario Polegato, garantiram que a Reserva Federal dos Estados Unidos não vai aumentar os juros até ao final do ano.

“É tudo muito sensível neste momento”, afirmou O’Brien, presidente do Digicel Group. A Fed não vai subir os juros “até ao final de 2015 ou início de 2016”.

O empresário de 56 anos, que vai a Davos há mais de dez anos – e muitas, vezes, só por um dia, no seu jacto privado Gulfstream 650 – disse que a relação comercial entre a Rússia e a Europa e Estados Unidos é a grande questão geopolítica do momento.

“Os Estados Unidos e a Europa têm uma abordagem errada em relação à Rússia”, sublinhou. “A grande questão aqui é saber se a União Europeia, os Estados Unidos e o FMI ajudarão a Ucrânia a evitar um ‘default’. Se a Europa não se mantiver firme com os ucranianos, o país vai por água abaixo”.

O’Brien é um dos, pelo menos, 100 bilionários que se juntaram aos 2.500 empresários e líderes políticos na Suíça, esta semana, para um encontro que termina a 24 de Janeiro. Garantiu, em declarações à Bloomberg que, se lhe dessem 100 milhões de dólares para investir, poria 60 milhões na Yandex NV, que opera o maior motor de busca na Rússia, e 40 milhões na operadora de telecomunicações móveis VimpelCom.

As pessoas mais ricas do planeta ficaram ainda mais ricas no ano passado, somando 92 mil milhões de dólares ao seu património líquido coletivo, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, um ranking diário dos 400 indivíduos mais ricos do mundo. O património líquido agregado dos maiores bilionários do mundo situa-se em cerca de 4 biliões de dólares, de acordo com o ranking.

Jack Ma, o grande vencedor do ano passado, que participa no fórum em Davos, tal como Bill Gates, fundador e presidente da Microsoft, recusou responder às perguntas da Bloomberg.

Com 100 milhões de dólares? “Investiria em Picassos, em vez de acções, dólar ou ouro”

O bilionário Adi Godrej, de 72 anos, considera que o petróleo valerá cerca de 45 dólares por barril no início de 2016, e que o movimento militante Estado Islâmico é a maior ameaça para a estabilidade global. E se lhe dessem 100 milhões de dólares para investir? Investiria em Picassos, em vez de acções, dólar ou ouro, respondeu o indiano.

Rahul Bajaj também está entre os 15 bilionários indianos presentes em Davos, um número superado apenas pelo contingente norte-americano, que tem mais de 25 no evento, incluindo o investidor George Soros, o presidente não-executivo da Google, Eric Schmidt, e a directora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg.

Bajaj acredita que o terrorismo e a desigualdade de rendimentos são as maiores ameaças para o mundo. Os conflitos internacionais, juntamente com os eventos climáticos extremos e a elevada taxa de desemprego estão entre os cinco principais riscos globais, de acordo com o estudo sobre riscos globais do Fórum Económico Mundial, que foi divulgado a 15 de Janeiro.

Em declarações à agência noticiosa, o indiano garantiu que investiria 100 milhões de dólares em acções das empresas dos seus familiares, incluindo a Bajaj Auto, a segunda maior fabricante de motocicletas do país e criadora de um popular riquexó de três rodas.

O bilionário que, no ano passado, faltou primeira vez desde 1979 ao Fórum, é amigo do fundador da conferência, Klaus Schwab.

“Vou a Davos por duas razões”, disse Bajaj há dois anos, numa entrevista telefónica com a Bloomberg. “Vou lá para fazer novos amigos e continuar velhas amizades, e vou lá para me divertir, gozar o tempo e aprender muito”.

Mario Moretti Polegato foi o único bilionário residente em Itália que se deslocou até Davos, na Suíça. O fundador e presidente da Geox referiu que a política europeia e o crescimento de partidos populistas são preocupantes.

O empresário de 62 anos estima que o petróleo estará nos 70 dólares por barril no final do ano, e garante que investiria em acções se tivesse de aplicar 100 milhões de dólares.

“Corrigir problemas económicos não é difícil. Mas parar a escalada militar é”

Já o russo David Yakobachvili, presidente da Bioenergy, disse numa entrevista por telefone a 19 de Janeiro que não espera que a Fed suba os juros este ano, porque a economia americana “está a crescer e eles não precisam de espantar os investidores”.

Yakobachvili não espera que o petróleo suba de preço este ano, e sublinha que um conflito militar é “o maior risco que o mundo enfrenta”. “Corrigir problemas económicos não é difícil”, explica. “Mas parar a escalada militar é”.

Estão, pelo menos, oito bilionários russos em Davos, esta semana.

Alan Trefler, fundador da Pegasystems, tornou-se bilionário em 2013. O empresário de 58 anos, defende que a radicalização é a maior ameaça para o mundo. “É uma força de divisão que afecta todos os aspectos da sociedade – económico, político, cultural e familiar”, esclareceu numa entrevista telefónica à Bloomberg.

Sobre o investimento de 100 milhões de dólares, Trefler foi peremptório: o dólar americano e as acções são caros e o ouro é para pessimistas. “Eu investiria no próximo Picasso”, disse. “Até lhe podia dizer quem ele é, mas isso poderia impedir o meu investimento”.

 

Fonte: Negócios

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