Líder da Sonae não vê “razão para condições de financiamento não melhorarem” em 2013.

“Não há razão para as condições de financiamento às empresas não melhorarem este ano. As condições

[para a banca] melhoraram objectivamente e não há razão para os ‘spreads’ não acompanharem estas melhorias”. O alerta podia ter sido lançado por um qualquer pequeno empresário, mas foi dito ao Negócios pelo CEO da Sonae. Paulo Azevedo assumiu assim as “dores” dos mais pequenos no braço-de-ferro com a banca, que estará para durar. É que o vislumbre “insuficiente” de “algumas melhorias” foi sentimento mais optimista captado recentemente no terreno junto de sete gestores portugueses. À margem da apresentação de resultados na semana passada, Paulo Azevedo assumiu que a Sonae apenas está “a conseguir refinanciamento” – e não financiamento novo – junto dos bancos internacionais “por causa ainda da imagem associada ao País”. “Tenho muito respeito pela situação da banca, mas isto tem de mudar. É um grande problema para a maioria das empresas, sobretudo para as PME”, acrescentou. É o caso da Viarco, de São João da Madeira, cujo administrador, José Vieira, apontou que o financiamento “continua muito limitado e com taxas de juro muito elevadas”. O gestor da única fábrica portuguesa de lápis prevê “muitas dificuldades na operacionalização dos vários projectos em desenvolvimento” num ano em que tem como objectivo a “franca expansão ao nível da internacionalização”. “Com a falta de liquidez do mercado financeiro, deparamo-nos sobretudo com valores elevados de ‘spread’ aplicados”, concordou Anabela Santos, directora financeira da Castelbel. Com 70% da produção de sabonetes e fragrâncias vendida no estrangeiro – aposta agora na divulgação da marca no Brasil, Dubai, Rússia, Itália e Alemanha –, a empresa nortenha tem, no entanto, “encontrado uma maior abertura” a este nível após a obtenção do estatuto PME Excelência 2012.Entre as maiores das mais pequenas, com quotas de exportação de 90%, o discurso não muda muito. “Apesar da ligeira melhoria, sentem-se ainda fortes entraves e restrição de liquidez no mercado bancário em Portugal”, frisou João Miranda, da Frulact. Para Arlindo Costa Leite, da Vicaima, “têm sido perceptíveis algumas melhorias, mas ainda insuficientes para um forte impulso do crescimento das empresas”, que “precisam de continuar a escalada de investimento produtivo”. Na sexta-feira, em Aveiro, Passos Coelho assumiu como prioridade que as empresas “possam aceder a financiamento a custos que sejam suportáveis” pelos modelos de negócio.

Crédito? Só para gerir tesouraria

Sérgio Pinto, administrador da gestora imobiliária Guedes Pinto, verifica junto dos seus clientes que “o recurso a financiamento prende-se apenas a questões de gestão de tesouraria e não a realização de novos investimentos, porque o custo do dinheiro está incomportável a nível dos ‘spreads’ oferecidos”.No sector têxtil, que exportou quatro mil milhões de euros em 2012, o director-geral da associação do sector vê “tudo na mesma”. Paulo Vaz resumiu que “embora os bancos digam que no financiamento a curto prazo têm dinheiro para emprestar, as empresas continuam a queixar-se, [porque] quando têm é em condições draconianas, com taxas de juros insuportáveis”.Neste particular, a Associação Nacional de Jovens Empresários deixou um dos apontamentos mais generosos para a banca, que após desalavancar irá “num futuro próximo” conceder mais e melhor crédito. É que, confiou Francisco Maria Balsemão, “embora ainda não haja uma melhoria substantiva, há indícios de que o cenário está paulatinamente a evoluir”.

Fonte: Negócios

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