O sector dos serviços vai representar mais de metade dos empregos na próxima década. Tecnologias de Informação (TIC), Turismo, Saúde e economia verde vão estar em destaque.

Comércio, distribuição e transportes, serviços às empresas e serviços não-mercantis (incluindo educação, saúde e acção social) são as profissões que mais oportunidades no mercado de emprego, na próxima década. À semelhança da estimativas para o resto dos países da União Europeia, “estas oportunidades de emprego são essencialmente alimentadas (em mais de 90%) pelas necessidades de substituição de mão-de-obra em empregos já existentes”, lê-se no estudo “Novos Mercados de Trabalho e Novas Profissões”, realizado pelo Consórcio Maior Empregabilidade. De acordo com os dados, em Portugal 1,4 milhões de oportunidades de emprego, até 2025, vão surgir no sector dos serviços, pela via da substituição de mão-de-obra.

O sector terciário será ainda responsável pela maioria das oportunidades de emprego na próxima década, pela via do aparecimento de novas profissões e expansão da economia. Indicador dessa tendência são as estimativas que apontam para que, em cada dez oportunidades de emprego na próxima década em Portugal, três sejam profissões altamente qualificadas, o que inclui gestores e dirigentes, quadros superiores e especialistas, técnicos e profissionais intermédios nas mais diversas áreas. Ou seja, cerca de 60% do total das 2,4 milhões de oportunidades de trabalho até 2025 vão exigir qualificações médias ou elevadas.

Em claro destaque na criação de novos empregos ao longo da próxima década, não só em Portugal, como em toda a Europa, estão as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) – ver texto em baixo -, área onde só em dez anos vão ser precisos mais de um milhão de trabalhadores no conjunto dos países da União Europeia. Mas são várias as áreas que vão criar novos empregos.

‘White Jobs’: saúde e serviços sociais

“A tendência de envelhecimento da população gera uma crescente procura de cuidados de saúde e de serviços sociais, abrindo caminho à expansão do sector, também o próprio envelhecimento da sua força de trabalho cria necessidades de substituição e novas oportunidades de trabalho”, diz o relatório apresentado pelo Consórcio Maior Empregabilidade. O que significa que, até 2025, serão criados 1,8 milhões de novos empregos na saúde e serviços sociais, na Europa, devido à expansão do sector. Para começar, tendo em conta as necessidades de substituição da força de trabalho actualmente empregada, o número de oportunidades ascenderá aos 11,6 milhões nos países europeus.

Contudo, em Portugal a situação será, ainda assim muito diferente. O consórcio Maior empregabilidade avisa: “com os constrangimentos que o sector da saúde e dos serviços sociais têm vindo a enfrentar em Portugal nos últimos anos, nomeadamente na capacidade de absorção do fluxo de jovens diplomados nestes domínios, Portugal – ao contrário do resto da Europa – regista uma diminuta capacidade de criação de emprego (cerca de 1%, o que corresponde a cerca de dois mil novos postos de trabalho.”

Já os chamados “empregos verdes” e as “competências verdes” trazem boas novidades. É certo que, a redução do investimento público e privado limita as perspectivas de uma adopção rápida e intensiva de tecnologias verdes necessárias, contudo, “as possibilidades de superação destes constrangimentos abrem novas oportunidades de emprego, exigindo uma mão-de-obra altamente qualificada no desenvolvimento exploração e manutenção de novas tecnologias”, lê-se no relatório.

É, ainda mais aqui, que se notará a importância dos chamados STEM, ou seja, graduados do ensino superior com formação nas áreas das ciências, tecnologia, engenharia e matemática, áreas cruciais para a ciência e inovação. E, só em Portugal, espera-se um crescimento do emprego destes profissionais de cerca de 32%. O que significa 110 mil oportunidades de emprego nestas profissões até 2025, 34,5% na indústria.

Por último, o turismo assume um contributo fundamental para a economia europeia, gerando 10% do PIB e empregando mais de 10 milhões de pessoas. Em Portugal, as estimativas apontam para um crescimento muito significativo do emprego no turismo, no horizonte de 2025 (19,6%), revelando o potencial de expansão que o sector poderá vir a ter na próxima década, com a criação de mais de 57 mil postos de trabalho.

Não trabalha, não estudam:

Jovens NEET são o grupo mais problemático

No quadro do desemprego jovem, os jovens NEET – jovens que não têm emprego, não estão a estudar e não participam em acções de formação, são um dos grupos mais problemáticos. Esta desvinculação dos jovens do mercado de trabalho e do sistema de ensino tem vindo a ter uma atenção crescente por parte das autoridades, já que é um grupo que tem vindo a aumentar exponencialmente, quer em Portugal, quer nos restantes 27 países da União Europeia. E se, em 2013, um em cada cinco jovens com idades entre os 20 e os 29 anos encontrava-se excluído do mercado de trabalho e do sistema de ensino e formação, a verdade é que este número não tem perspectivas de estagnar ou começar a diminuir. Portugal, sendo um dos países mais afectados pela crise, com elevadas taxas de desemprego, revela taxas de NEET acima da média europeia.

 

Fonte: Económico

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