A proporção de mulheres nos conselhos de administração de empresas em Portugal mais do que duplicou em dez anos, mas ainda representa metade da média europeia, fixada nos 18%, revela um relatório hoje divulgado.

“Continua a existir uma enorme assimetria entre mulheres e homens” no exercício de cargos de direcção e de chefia ou de alta responsabilidade tanto no sector público, como no sector privado, afirma o relatório sobre o Progresso da Igualdade entre Mulheres e Homens no Trabalho, no Emprego e na Formação Profissional 2013, coordenado pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego – CITE.

Citando dados da Comissão Europeia, o relatório refere que a proporção de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas em Portugal, cotadas em bolsa (índice PSI 20), aumentou de 4% em 2003 para 9% em Outubro de 2013.

“Esta proporção é significativamente menor do que a média da União Europeia (18,%)”, observa o estudo hoje divulgado pela presidente da CITE, Joana Gíria, na Subcomissão parlamentar de Igualdade.

Dados do Inquérito ao Emprego (IE) revelam também que apenas 33,7% das mulheres são representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, directoras e gestoras executivas, verificando-se uma ligeira diminuição face a 2012 (-1,4 pontos percentuais).

As diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho são também visíveis ao nível das profissões e das diferentes actividades económicas, refere o relatório, baseando-se nos dados do IE e do Instituto Nacional de Estatística para 2013.

“As crescentes habilitações escolares das mulheres não estão ainda plenamente reflectidas nas profissões exercidas”, verificando-se “um maior predomínio” nas profissões ligadas ao grupo “trabalhadores não qualificados” (72%), ao grupo de “pessoal administrativo” (63,3%) e ao grupo de “trabalhadores dos serviços pessoais, de protecção e segurança e vendedores” (63,1%).

Mas as mulheres também estão em maioria nas profissões do grupo “especialistas das actividades intelectuais e científicas” (60,4%).

Segundo o relatório, “a segregação do mercado de trabalho em função do género” torna-se evidente na análise do emprego segundo a actividade económica, onde as mulheres predominam no sector terciário (56,6 %), tendo diminuído a sua participação em 0,8 pontos percentuais de 2012 para 2013.

Em 2013, as actividades com maior presença de mulheres foram “famílias com empregados e pessoal doméstico” (98,3%), “saúde humana e apoio social” (81,9%), “educação” (77,9%), “outras actividades de serviços” (69,2%), “alojamento, restauração e similares” (58,5%), “actividades de consultoria, científica, técnica e similares” (52,1%) e “actividades imobiliárias” (51,7%).

Já os homens predominam nas actividades da “indústria extractiva” (96,2%), da “construção” (94%), dos “Transportes e armazenagem” (81,3%), da “electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (80,8%) e da “captação, tratamento e distribuição água, saneamento, gestão de resíduos e despoluição” (79,4%).

 

Fonte: Negócios

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