O presidente da BP Portugal, Francisco Vieira, considerou “um perfeito disparate” e “demagógico” a nova legislação que promove os ‘low cost’ e revelou que não sabe como será o futuro da BP em Portugal.

“Tivemos acesso a algumas versões de trabalho do Governo que confirmam o perfeito disparate desta iniciativa. Além do absurdo jurídico, levanta questões sérias sobre a estrutura e modelo energético para o abastecimento de combustíveis em Portugal”, disse Francisco Vieira em entrevista ao Diário Económico, sobre a nova legislação destinada a promover os combustíveis ‘low cost’.

“O que move o Governo é uma mera conveniência de curtíssimo prazo, destinada a apresentar algo a uma opinião pública sensível a este tema e que, já de si, foi objeto de inúmeras promessas deste e de outros Executivos, completamente demagógicas e desconhecedoras deste tipo de indústria”, revelou.

Francisco Vieira considera esta medida como um mero aproveitamento político: “Querem intervir num mercado, que dizem supostamente liberalizado, através de medidas com este tipo de características reguladoras.” E acrescentou: “Não se pode, dentro do direito da concorrência europeu, obrigar uma empresa a vender aquilo que ela não quer.”

E alternativas? “Baixar as metas de incorporação nos biocombustíveis. Isso vai ajudar a baixar os preços. O impacto hoje é de dois a três cêntimos por litro. Se estão tão preocupados com o acesso dos consumidores aos combustíveis ‘low cost’, então nos distritos onde efetivamente não exista esta oferta, as petrolíferas poderão desinvestir em alguns postos para que alguma ‘private equity’ ou eventualmente sociedades de capitais de risco, promovidas pelo Estado, poderem comprar e desenvolver o seu negócio. Já dissemos isso claramente”, explicou.

Quanto ao futuro Francisco Vieira mostra-se cauteloso: “A BP encontra-se em Portugal há 85 anos. Não seria de uma forma ligeira que equacionaríamos sair de Portugal. Mas se este mercado enveredasse por uma linha de modelo francês, onde mais de 60% do mercado está nas mãos dos hipermercados, não estaríamos aqui certamente. Fizeram da cadeia de logística de abastecimento de combustíveis uma parte do seu negócio. Em Portugal ainda não é assim. (…) Não sei o que vai acontecer com a BP em Portugal. Já dissemos ao Governo que nós escolhemos não estar neste tipo de mercados.”

Fonte: Dinheiro Vivo

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