Tensão política e incerteza sobre a decisão do Tribunal Constitucional estão na base do ciclo de subidas dos juros nacionais.

De acordo com analistas ouvidos pelo Económico, a tensão política no país – a moção de censura oficializa o fim do consenso político entre os partidos que assinaram o memorando que foi tão aplaudido a nível externo -, e a incerteza sobre as consequências de um eventual chumbo do Tribunal Constitucional, tanto a nível orçamental como político, estão a pressionar os juros da dívida portuguesa no mercado secundário e também as acções dos bancos nacionais.

“A descida dos bancos pode dever-se a dois factores: por um lado o facto de a situação de Chipre gerar receio sobre os bancos periféricos do euro; por outro, pelo impasse que poderá surgir se o Tribunal Constitucional chumbar as medidas de austeridade do Orçamento do Estado”, explicou Paulo Rosa, trader da Go Bulling, numa altura em que o índice PSI 20 escorrega mais de 2% com a banca a cair mais de 4%.

Um outro analista ouvido pelo Económico, que preferiu não ser identificado, lembrou que o sector financeiro está também a ser afectado pela subida das ‘yields’ das obrigações portuguesas a 10 anos em mercado secundário.

A taxa de juro implícita da dívida portuguesa a 10 anos iniciou um ciclo de subidas que fez a ‘yield’ crescer de 6,014% para 6,402% em apenas duas semanas. Este indicador de risco, que em Janeiro chegou a estar nos 5,804%, cifra-se acima da barreira de 6% há 13 sessões.

De recordar que a primeira emissão em mercado primário de obrigações portuguesas no período do resgate foi concretizada na maturidade a cinco anos. O Governo assumiu entretanto que será colocada em breve dívida a 10 anos, algo que só deve acontecer após a decisão do Tribunal Constitucional.

Fonte: Económico

Comentários

comentários