Presidente da Titan, o terceiro maior fabricante de pneus da América do Norte, respondeu em termos polémicos ao convite do ministro francês da Indústria para que comprassem a fábrica que a Goodyear está a fechar em Amiens, no norte do país.
Maurice Taylor, presidente e CEO da Titan Internacional, o terceiro maior fabricante de pneus da América do Norte, recusou com estrépito a oferta do ministro francês da Indústria, Arnaud Montebourg, para que reavaliasse a possibilidade de comprar a fábrica que a Goodyear está a fechar em Amiens, no norte do país.
A carta da recusa, datada de 8 de Fevereiro, foi hoje divulgada pelo jornal francês de negócios “Les Echos” e os termos ferozes escolhidos por Maurice Taylor relançaram o debate sobre o declínio da economia francesa, a necessidade de medidas para tornar mais competitiva a segunda maior economia do euro, mas também sobre os limites e perversidades da globalização. Escreve Taylor que visitou essa fábrica de Amiens “várias vezes”, e que nessas visitas confrontou-se com sindicatos “loucos” e trabalhadores que, feitas as contas, trabalham três horas por dias.
“Eu visitei essa fábrica várias vezes. Os assalariados franceses têm salários elevados mas não trabalham mais do que três horas. Têm uma hora para descanso e para o almoço, discutem durante três horas e trabalham durante três. Disse-o aos sindicalistas franceses. Eles responderam-me que é assim em França”. Neste contexto, acrescenta, pedir à Titan para ponderar recomeçar uma negociação é uma impossibilidade. “Você pensa que nós somos assim tão estúpidos?”, insurge-se Maurice Taylor.
“Os agricultores franceses querem pneus baratos. Eles não se importam se esses pneus vêm da China ou da Índia e estes governos estão subsidiá-los. A Titan vai comprar uma empresa chinesa ou indiana de pneus, pagar menos de um euro por hora de trabalho e enviar todos os pneus de que a França necessita. Você pode manter os chamados trabalhadores. A Titan não está interessada na fábrica de Amiens”, conclui.
A França tem vindo a enfrentar uma renovada vaga de deslocalizações e fecho de fábricas, designadamente da ArcelorMittal, a maior siderúrgica mundial, e da PSA Peugeot Citroën.
Fonte: Negócios